Introdução ao estudo da Doutrina Espírita - X

Livro dos Espíritos: linguagem simplificada - Introdução ao estudo da Doutrina Espírita

introdução, doutrina, objeções, críticas

 

Há algumas objeções com mais substância – pelo menos aparentemente – porque foram baseadas em observações dos fenômenos e foram feitas por pessoas sérias.

Uma das objeções questiona a linguagem utilizada por certos Espíritos nas manifestações, uma linguagem que não parece digna de seres sobrenaturais que supostamente deveriam ser mais elevados. Basta consultar o resumo da Doutrina Espírita já apresentado para ver que os próprios Espíritos ensinaram que entre os Espíritos existem diferenças de conhecimento e de moralidade, e que aquilo que algum Espírito diz não deve ser tomado ao pé da letra. É dever de uma pessoa sensata separar o bom do mau.

Sem sombra de dúvidas, aquelas pessoas que imaginam que apenas seres maldosos – somente preocupados em nos enganar – estabelecem contato com nós, certamente desconhecem as comunicações dos Espíritos que são recebidas onde só se manifestam Espíritos superiores; do contrário não pensariam dessa forma. É lamentável que por acaso essas pessoas tenham tido o azar de ver apenas o lado mau do mundo espírita, pois não queremos pensar na possibilidade de que aquelas pessoas – através de sintonia de pensamentos e sentimentos – tenham atraído apenas Espíritos inferiores que são naturalmente maus (imperfeitos), mentirosos, e que usam uma linguagem grosseira que chega a causar revolta. Vamos dizer que não seria absurdo imaginar que tais pessoas não possuem princípios sólidos o suficiente para serem poupadas do mal, assim afastando os Espíritos bons e atraindo os Espíritos maus (imperfeitos), que se aproveitam para se aproximar, encontrando um certo prazer em matar a curiosidade daquelas pessoas.

Julgar a questão dos Espíritos pela manifestação de Espíritos inferiores faria tanto sentido quanto julgar o caráter de um povo por aquilo que diz e faz um bando de desatinados, ou de gente de má reputação; um grupo pequeno que não mantém qualquer relacionamento com grupos de pessoas sérias e sensatas. Quem pensa assim pensa igual a um estranho que, chegando à uma cidade desconhecida através do bairro mais decadente daquela cidade, achasse que todas as pessoas da cidade se comportassem e fossem iguais aos habitantes daquele bairro decaído. No mundo dos Espíritos também há sociedades boas e sociedades más [1]; as pessoas que julgam a questão dos Espíritos por esses fatos deveria tomar conhecimento do que se passa entre os Espíritos elevados, e ficariam convencidos de que a cidade celeste não contém apenas a escória popular (marginais). Alguém poderia perguntar se os Espíritos superiores vêm até nós, e a resposta seria a recomendação de não ficar apenas nos subúrbios para ver, observar, e julgar. Os fatos estão aí às claras para todo mundo. A não ser que as palavras de Jesus "tem olhos e não veem; têm ouvidos e não ouvem" descrevam essas pessoas.

Existe uma outra versão dessa opinião negativa sobre os Espíritos, segundo a qual nas comunicações espíritas, e em todos os fatos materiais que elas proporcionam, não existe mais nada do que a intervenção de uma força diabólica, uma espécie de camaleão que mudaria suas cores para poder nos enganar. Essa opinião não merece ser examinada seriamente, por isso nem vamos perder tempo com isso. Está automaticamente respondida pelo que acabamos de dizer. Só resta acrescentar que se essa opinião tivesse fundamento, então seria necessário reconhecer que o diabo às vezes é bastante criterioso, ponderado, e muito moral; ou isso, ou reconhecer que existem diabos bons.

De fato, como acreditar que Deus fosse permitir que apenas os Espíritos do mal se manifestassem, sem haver qualquer compensação dos bons conselhos dos Espíritos bons? Se Deus não pode fazer isso, não é onipotente; se pode e não faz, então não é bom. Qualquer uma dessas duas possibilidades seria blasfêmia. Vale lembrar que admitir a existência de comunicação dos Espíritos maus (imperfeitos) significa concordar que existem comunicações de Espíritos com o mundo terreno [2]. Oras, se as comunicações acontecem, não pode deixar de ser com a permissão de Deus. Fica difícil acreditar que Deus impiedosamente iria permitir o mal, excluindo o bem. Esse pensamento é contrário às mais básicas noções de bom-senso e de religião.

 


 

Anterior

 

Índice

 

Próximo

 

Comentários