Parte II: O mundo espírita – Capítulo I: Os Espíritos – Anjos e demônios
Anjos e demônios
| 128. | Os seres que os homens chamam de anjos, arcanjos, e serafins, formam uma categoria especial de Espíritos com uma natureza diferente da natureza dos outros Espíritos? | |||
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| – | Não. Os Espíritos que os homens chamam de anjos, arcanjos, e serafins, são os Espíritos puros. São os Espíritos que se acham no mais alto grau da escala espírita e que possuem todas as perfeições. | ||
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A palavra "anjo" geralmente desperta a idéia de perfeição moral. Entretanto, a palavra "anjo" é usada muitas vezes pelos homens para todos os seres (bons e maus) que estão fora da humanidade. Costuma ser dito "o anjo bom" e o "anjo mau"; "o anjo de luz" e o "anjo das trevas". Neste caso, a palavra "anjo" quer dizer "Espírito" ou "gênio". Neste livro a palavra "anjo" é usada com seu significado positivo de "anjo bom". |
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| 129. | Os anjos percorreram todos os graus da escala (espírita)? | |
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| – | Os anjos percorreram todos os graus da escala (espírita), mas do modo que dissemos: uns aceitaram suas missões sem murmurar (reclamar) e chegaram mais depressa ao estado de anjos; outros Espíritos gastaram um pouco mais, ou um pouco menos de tempo para chegar à perfeição. |
| 130. | Se está errada aquela idéia (opinião) de certos homens de que alguns seres foram criados perfeitos e superiores aos outro seres, como pode ser explicado que essa crença (idéia, opinião) exista na tradição de todos os povos? | |
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| – | Pois saiba que o mundo onde os homens vivem (Terra) não existe desde o início dos tempos, e que já existiam Espíritos puros muito antes que a Terra existisse. Como esses Espíritos puros já existiam antes do homem, os homens pensam que os Espíritos puros já eram puros desde o início dos tempos. |
| 131. | Há demônios no sentido que os homens entendem esta palavra? | |||
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| – | Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Mas, por acaso, Deus seria justo e bom se houvesse criado seres destinados eternamente ao mal e destinados a permanecerem eternamente desgraçados? Se há demônios, eles são encontrados no mundo inferior em que os homens vivem e em outros mundos semelhantes (à Terra). Os homens que pintam um Deus justo como sendo um Deus mau e vingativo são homens hipócritas que pensam que agradam a Deus quando praticam absurdos [1] em nome de Deus. | ||
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Apenas no seu significado moderno a palavra "demônio" quer dizer "Espírito mau". A palavra "demônio" veio do grego "daímon" que significava gênio, inteligência, e era usada para designar todos os seres incorpóreos, bons ou maus, sem fazer diferença se seriam seres bons ou maus.
Hoje em dia a palavra "demônio" tem um significado vulgar (popular) e quer dizer "seres essencialmente inclinados para o mal". Como tudo o mais que existe no universo, os "demônios" teriam sido criados por Deus. Oras, Deus é soberanamente justo e bom, e não pode ter criado seres com uma natureza inclinada para o mal, causando a condenação desses seres por toda a eternidade. Se os "demônios" não fossem obra de Deus, então existiriam (como Deus) por toda a eternidade, e o universo teria muitas potências soberanas.
A primeira condição de toda doutrina é ser lógica. Ora, esta base essencial (lógica) falta à idéia de "demônios", no sentido absoluto. Povos atrasados desconhecem os atributos de Deus. Por esse motivo é possível entender que povos atrasados acreditem na existência de "demônios" da mesma forma que acreditam em divindades maléficas. Mas é ilógico e contraditório quando alguém acredita que a bondade seja um dos atributos essenciais de Deus e, ao mesmo tempo, acredita que Deus tenha criado seres destinados ao mal e destinados a praticar o mal por toda a eternidade: isso é a mesma coisa que negar a bondade de Deus.
Quem defende a idéia dos "demônios" se apoia nas palavras do Cristo para defender a idéia. Não seremos nós quem irá discutir a autoridade dos ensinamentos do Cristo (que gostaríamos de ver mais no coração do que na boca dos homens). Mas uma pergunta deve ser feita aqui: será que os defensores da idéia de "demônios" tem certeza absoluta do sentido que o Cristo dava para a palavra "demônios"? Não é um fato conhecido que o Cristo sempre usava símbolos em suas pregações e ensinamentos? Tudo o que está no Evangelho deve ser tomando ao pé da letra? Não precisamos de outra prova além da prova que é fornecida nesta passagem (Mateus 24:29, 24:34):
"Logo após esses dias de aflição, o Sol escurecerá e a Lua não mais dará sua luz, as estrelas cairão do céu e as potências do céu se abalarão. Em verdade vos digo que esta raça não passará, sem que todas estas coisas se tenham cumprido."
A ciência já contradisse a forma do texto bíblico na questão da criação do mundo (Terra) e na questão do movimento do planeta (ao redor do Sol). Não estaria acontecendo a mesma coisa (forma simbólica) com algumas figuras (seres) que o Cristo usou, pois o Cristo tinha que se fazer entender de acordo com os tempos e os lugares? Não é possível que o Cristo tenha dito alguma falsidade de propósito. Assim, pois, se encontramos nas palavras do Cristo alguma coisa que parece não fazer sentido, a conclusão é que não compreendemos bem, ou que interpretamos mal (as palavras do Cristo).
Os homens fizeram com os "demônios" a mesma coisa que os homens fizeram com os "anjos". Assim como os homens acreditaram na existência de seres perfeitos ("anjos") desde o início dos tempos, os homens também viram os Espíritos inferiores como seres perpetuamente maus.
Por "demônios" deve ser entendido "Espíritos impuros", que muitas vezes não ficam muito longe das entidades chamadas de "demônios"; a diferença é que não se deve ter a idéia de que um Espírito foi, é, e será impuro para sempre pois o estado deles é transitório. São Espíritos imperfeitos, que se revoltam contra as provas que tem que cumprir e que, por isso, sofrem aquelas provas por mais tempo. Mas, no tempo certo e quando quiserem, aqueles Espíritos sairão do estado de "impuros". Então, o termo "demônio" pode ser aceito e usado com essa restrição. Mas a palavra "demônio" como é usada e entendida atualmente (em sentido exclusivo) pode levar ao erro, fazendo acreditar na existência de seres especiais criados unicamente para o mal.
É bastante claro que "Satanás" é a representação do mal com uma forma simbólica, pois não se pode aceitar que exista um ser mau com o mesmo poder de Deus e que esteja (eternamente) lutando com Deus de igual para igual, com o único propósito de contrariar os desígnios de Deus. Os homens precisam de figuras e imagens que estimulem a imaginação, e por isso o homem pintou os seres incorpóreos com uma forma material e com atributos que lembram as qualidades ou os defeitos humanos. Por exemplo, os antigos deram uma imagem humana ao "tempo" quando criaram a figura de um velho segurando uma foice e uma ampulheta para simbolizar o "tempo". Representar o "tempo" com a figura de uma pessoa jovem não teria feito sentido. A mesma coisa acontece com os símbolos criados para representar a "fortuna", a "verdade", a "justiça", etc.. Hoje em dia os "anjos" (Espíritos puros) são simbolizados com uma figura (humana) brilhante, de asas brancas, representando a pureza; "Satanás", por outro lado, é simbolizado com chifres, garras e atributos da natureza animal, representando as paixões mais baixas. O homem comum, que toma as coisas ao pé da letra, viu nesses símbolos um ser real, como antigamente os homens viam Saturno no símbolo do "tempo". |
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