Parte II: O mundo espírita – Capítulo III: Volta do Espírito à vida espiritual – A alma após a morte, sua individualidade, vida eterna
A alma após a morte, sua individualidade, vida eterna
149. | O que acontece com a alma no instante da morte? [1] | |
| – | A alma volta a ser Espírito, isto é, retorna para o mundo dos Espíritos de onde havia se afastado momentaneamente. |
150. | Após a morte a alma conserva a sua individualidade (personalidade)? | |
| – | Sim, a alma nunca perde a sua individualidade. O que seria a alma se a alma não conservasse a sua individualidade? |
150a. | Como a alma percebe a sua individualidade após a morte já que a alma não tem mais um corpo material? | |
| – | A alma continua a ter (usar) um perispírito (corpo etéreo) [2]. O perispírito é um fluído (semi material) que é próprio da alma, e que é retirado do fluído universal do planeta. O perispírito tem a aparência do corpo material usado pela alma em sua última encarnação no planeta. |
150b. | Após a morte a alma não leva consigo nada deste mundo? | |
| – | Nada. Apenas as lembranças e o desejo de ir para um mundo melhor. As lembranças que a alma leva serão cheias de doçura ou de amargor de acordo com a maneira como a alma viveu sua vida terrena. Quanto mais pura a alma for, melhor a alma irá compreender a futilidade (inutilidade) das coisas que foram deixadas na Terra. |
151. | Algumas pessoas dizem que a alma retorna para o "todo universal" após a morte. O que deve ser pensado disso? | |
| – | Por acaso o conjunto dos Espíritos não forma um todo? O conjunto dos Espíritos não forma um mundo completo? Quando alguém está reunido em uma assembléia, esse alguém é parte integrante da assembléia, sem por isso perder a sua individualidade. |
152. | Que prova podemos ter da individualidade da alma depois da morte? | |||
| – | Essa prova está nas comunicações que estão sendo transmitidas (pelos Espíritos) aos homens. Se os homens não fossem cegos, os homens veriam. Se os homens não fossem surdos, os homens ouviriam. Em muitos momentos uma voz tem falado com os homens, revelando a existência de um ser que não está entre os homens. | ||
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Está errado quem pensa que após a morte a alma volta para um "todo universal". Também está errado pensar que a alma perde a sua individualidade após a morte (como uma gota d'água que caísse no oceano). Mas não existe erro nesse pensamento se por "todo universal" for entendido o conjunto dos seres incorpóreos (Espíritos), e se for entendido que a alma (ou Espírito) é um participante daquele conjunto.
Se as almas estivessem misturadas em uma só grande massa (universal), as almas só teriam as qualidades do conjunto [3] e não haveria nada que as tornassem diferentes umas das outras; as almas não teriam nem inteligência própria e nem qualidades próprias. Mas ao invés disso, as almas (Espíritos) mostram – em suas comunicações com os homens – que elas tem consciência de seu "eu" (individualidade), as almas mostram que possuem vontade própria.
Sob todos os aspectos, a quantidade infinita de Espíritos que se apresentam (nas manifestações) é uma consequência direta do fato de que todos aqueles Espíritos são individualidades diversas e diferentes. Se após a morte todas as individualidades fossem misturadas em um "grande Todo", esse "grande Todo" não apresentaria diferenças (individuais) e – então – todas as comunicações recebidas do mundo invisível seriam idênticas.
Mas fica claro que no mundo invisível há seres distintos porque encontramos entre aqueles seres alguns que são bons e alguns que são maus; encontramos seres que são sábios e seres que são ignorantes; encontramos seres que são felizes e seres que são desgraçados; encontramos seres de todos os tipos: alegres, tristes, levianos, equilibrados, etc..
A individualidade daqueles seres fica ainda mais evidente quando os seres provam suas identidades por sinais que não podem ser questionados, como – por exemplo – detalhes pessoais sobre as vidas que tiveram na Terra e que podem ser verificados (pelos homens). A individualidade daqueles seres também não pode ser posta em dúvida quando aqueles seres se fazem visíveis em aparições.
A individualidade da alma era ensinada entre os homens como uma teoria (uma questão de fé). O Espiritismo torna a individualidade da alma uma coisa concreta e – de certo modo – material. |
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153. | Em que sentido a "vida eterna" deve ser entendida? | |
| – | A vida do Espírito é que é eterna; a vida do corpo físico é transitória e passageira. Quando o corpo físico morre, a alma retoma a sua vida eterna. |
153a. | Não seria mais exato chamar "vida eterna" à vida dos Espíritos puros, à vida dos Espíritos que – tendo atingido a perfeição – não precisam mais passar por prova alguma? | |
| – | Essa é, antes, a felicidade eterna. Mas isto é uma questão de palavras. Os homens podem usar para as coisas o nome que quiserem desde que os homens se entendam entre si. |
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[1] Na questão 134 os Espíritos superiores dizem que "alma" é um "Espírito encarnado". Portanto, é preciso algum cuidado ao utilizar a palavra "alma" se o Espírito não está mais encarnado, como acontece nesta questão e nas próximas: aqui – em certos casos – a palavra "alma" deve ser entendida como "um Espírito que estava encarnado", ou simplesmente "Espírito". Por outro lado, como o desprendimento do Espírito do corpo físico – quando ocorre a morte – acontece aos poucos, pode-se considerar que ainda existe uma "alma" (um Espírito parcialmente encarnado) enquanto o desprendimento do Espírito do corpo físico não está completado.
[2] Ver as questões 93 a 95 sobre "perispírito". Ver questão 141.
[3] Por exemplo, em um bolo pronto geralmente não é possível perceber separadamente (sem alguma influência dos demais) cada um dos ingredientes usados no preparo do bolo.
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