Parte II: O mundo espírita – Capítulo VI: Vida espírita – Relações de simpatia e de antipatia entre os Espíritos, metades eternas

Livro dos Espíritos: linguagem simplificada - Relações de simpatia e de antipatia entre os Espíritos, metades eternas

 

Relações de simpatia e de antipatia entre os Espíritos, metades eternas

 

291.

Além da simpatia geral (comum) que vem da semelhança (moral) que existe entre os Espíritos, os Espíritos dedicam afeições particulares uns aos outros?

 

Os Espíritos dedicam afeições particulares uns aos outros do mesmo modo que os homens tem afeições particulares uns pelos outros, mas o laço dessas afeições que prendem os Espíritos uns aos outros é mais forte pois os Espíritos não tem mais um corpo material, e – por causa disso – aqueles laços não estão sujeitos às flutuações (inconstâncias) das paixões.

 

292.

Os Espíritos alimentam ódio entre si?

 

O ódio só existe entre os Espíritos impuros; esse tipo de Espírito é que instiga (incentiva) as inimizades e as disputas entre os homens.

 

293.

Dois seres que foram inimigos na Terra irão conservar o ressentimento um pelo outro quando os Espíritos daqueles seres estiverem de volta ao mundo dos Espíritos?

 

Não. Os Espíritos irão compreender que o ódio que tinham um pelo outro era estúpido (sem sentido), e irão compreender que o motivo para aquele ódio era infantil.

 

Apenas os Espíritos imperfeitos conservam uma espécie de ressentimento enquanto aqueles Espíritos não se purificam (melhoram). Se aqueles Espíritos se tornaram inimigos por causa de algum interesse material, aqueles Espíritos não pensarão mais sobre isso (irão abandonar o ressentimento) mesmo que aqueles Espíritos (ainda) estejam pouco desmaterializados. Aqueles Espíritos irão – então – se aproximar um do outro com prazer pois não existe mais uma antipatia entre eles, e porque a causa do desentendimento entre aqueles Espíritos deixou de existir.

 

 

 

 

É a mesma coisa que acontece entre dois colegiais que chegam à maturidade e deixam de querer mal um ao outro porque percebem como os desentendimentos que eles tinham antes era infantil.

 

 

294.

A lembrança dos atos maus que dois homens praticaram um contra o outro é um obstáculo para que exista simpatia entre eles (como Espíritos)?

 

Essa lembrança leva os Espíritos (desencarnados) daqueles homens a se afastarem um do outro.

 

295.

O que sentem os Espíritos desencarnados daquelas pessoas para quem fizemos mal neste mundo?

 

Se aqueles Espíritos são Espíritos bons, eles perdoam o mal que foi feito a eles de acordo com o arrependimento que tivermos pelo mal feito a eles. Se aqueles Espíritos são Espíritos maus (imperfeitos), é possível que aqueles Espíritos maus (imperfeitos) conservem ressentimento pelo mal que foi feito a eles, e é possível que aqueles Espíritos maus (imperfeitos) persigam – às vezes até mesmo em uma nova existência física – aqueles que fizeram mal a eles. Deus pode permitir isso (perseguição) como um "castigo" (para quem praticou o mal).

 

296.

As afeições individuais (particulares) entre os Espíritos podem se alterar?

 

Não porque os Espíritos não cometem enganos (sobre suas afeições). Os Espíritos não tem a máscara que os hipócritas usam para se esconder. Isso quer dizer que as afeições dos Espíritos não se alteram quando os Espíritos são puros; os Espíritos (puros) unidos por essa forma de amor experimentam uma felicidade suprema.

 

297.

A afeição mútua que dois seres (homens) tem um pelo outro na Terra continua a sempre existir no mundo dos Espíritos?

 

Sem dúvida, desde que o motivo daquela afeição seja uma simpatia verdadeira. Mas se aquela afeição nasceu principalmente de causas de natureza física, aquela afeição desaparece com a causa (física). As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e mais duradouras do que as afeições na Terra porque as afeições entre os Espíritos não estão sujeitas aos caprichos dos interesses materiais e do amor-próprio.

 

298.

As almas (Espíritos) que devam se unir estão predestinadas a se unir desde a origem daquelas almas? Cada um de nós tem – em alguma parte do universo – uma metade com quem nós iremos fatalmente nos unir algum dia?

 

Não. Não existe uma união particular e fatal de duas almas. Existe a união de todos os Espíritos, mas em graus diferentes segundo a categoria (na escala espírita [1]) que os Espíritos ocupam; isto é, segundo a perfeição (evolução moral) que os Espíritos tenham conseguido. Quanto mais perfeitos os Espírito são, tanto mais unidos os Espíritos são entre si. A discórdia é a mãe de todos os males humanos; a felicidade completa é a consequência da concórdia (entendimento).

 

299.

Alguns Espíritos usam a palavra "metade" para se referir a Espíritos simpáticos entre si. Em qual sentido aquela palavra "metade" deve ser entendida?

 

A expressão não está correta. Se um Espírito fosse a metade do outro, os dois Espíritos estariam ambos incompletos enquanto estivessem separados.

 

300.

Se dois Espíritos perfeitamente simpáticos se unirem, aqueles Espíritos estarão unidos para todo o sempre, ou aqueles Espíritos poderão se separar e se unir a outros Espíritos?

 

Todos os Espíritos perfeitos estão unidos uns aos outros. Nas esferas inferiores, quando um Espírito se eleva (na escala espírita), aquele Espírito deixa ter a simpatia ("sintonia") que tinha antes com os Espíritos que ficaram para trás na escala espírita [2].

 

301.

Dois Espíritos simpáticos são complemento (uma parte) um do outro, ou a simpatia que existe entre dois Espíritos é o resultado de uma identidade (igualdade) perfeita?

 

A simpatia que atrai um Espírito para outro Espírito é o resultado de uma perfeita concordância (igualdade) das inclinações e dos instintos daqueles dois Espíritos. Se um Espírito tivesse que completar o outro Espírito, o Espírito perderia a sua individualidade.

 

302.

A identidade (igualdade) que é necessária para a existência de uma simpatia perfeita entre dois Espíritos envolve apenas uma igualdade de pensamentos e de sentimentos, ou envolve também uma igualdade de conhecimentos adquiridos?

 

A simpatia perfeita entre dois Espíritos envolve uma igualdade no grau de elevação (na escala espírita) dos dois Espíritos.

 

303.

Dois Espíritos que no momento presente não são simpáticos entre si poderão se tornar Espíritos simpáticos entre si no futuro?

 

Todos os Espíritos serão simpáticos entre si no futuro. Um Espírito, que esteja no momento presente em um grau inferior (da escala espírita), um dia subirá (quando se aperfeiçoar) para um grau mais elevado onde um outro Espírito já esteja (e – então – serão Espíritos simpáticos entre si). Esse tipo de encontro entre dois Espíritos irá acontecer mais depressa se o Espírito que está em um grau mais elevado (da escala espírita) ficar estacionado (parado) em sua evolução (por ter suportado mal as provas pelas quais o Espírito estava passando, por exemplo).

 

303a.

Dois Espíritos que no momento presente são Espíritos simpáticos entre si podem deixar de ser Espíritos simpáticos entre si no futuro?

 

Com certeza, se um deles for preguiçoso [3].

 

 

 

 

A teoria das metades eternas (de almas, de Espíritos) é uma simples figura ("forma de falar") que representa a união de dois Espíritos simpáticos (entre si). A teoria das metades eternas é uma expressão usada até na linguagem vulgar (popular), é uma expressão que não deve ser tomada ao pé da letra.

 

Os Espíritos que usaram aquela expressão (em suas comunicações com os homens) com certeza não pertencem à uma ordem (grau da escala espírita) mais elevada de Espíritos. Tais Espíritos necessariamente tem idéias limitadas e só conseguiram expressar seus pensamentos com os termos (expressões) que aqueles Espíritos teriam utilizado na vida corporal (quando aqueles Espíritos estavam encarnados).

 

Portanto, não deve ser aceita a idéia de que existam Espíritos que foram criados um para o outro e que estão predestinados a fatalmente se reunir em algum momento na eternidade (depois de haverem estado separados por um tempo mais ou menos longo).

 

 


 

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[1]        Ver questões 100 a 113 sobre "escala espírita".

[2]        A mesma coisa acontece entre os homens: nem todas as amizades da infância (por exemplo) permanecem na maturidade, e assim por diante.

[3]        Se um Espírito é preguiçoso em sua evolução, o Espírito fica estacionado no grau de elevação (da escala espírita) em que o Espírito está. Os Espíritos que estavam naquele mesmo grau de elevação mas que se aperfeiçoaram sobem para um grau mais alto da escala espírita; quando o Espírito sobe na escala espírita, o Espírito (que subiu) deixa de ser "simpático" aos Espíritos que estão no grau da escala espírita em que aquele Espírito estava antes.

 

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