Parte II: O mundo espírita – Capítulo VII: Volta do Espírito à vida corporal – União da alma e do corpo, aborto
União da alma e do corpo, aborto
| 344. | Em que momento a alma se une ao corpo (físico)? | |
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| – | A união da alma ao corpo (físico) começa na concepção [1], mas aquela união só é completada quando ocorre o nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito escolhido para tomar (usar) um certo corpo (físico) está ligado àquele corpo por meio de um laço fluídico (semi material e vaporoso). Esse laço fluídico que liga o Espírito ao corpo (físico) vai ficando cada vez mais apertado até o instante em que a criança nasce. O grito que a criança então solta ao nascer anuncia que a criança está entre os vivos (encarnados) e entre os servos de Deus. |
| 345. | A união do Espírito com o corpo (físico) é definitiva desde o momento da concepção? Durante esta primeira fase (entre a concepção e o nascimento), o Espírito pode se recusar a tomar (usar) o corpo (físico) que está destinado para o Espírito (o Espírito pode renunciar ao corpo)? | |
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| – | Aquela união é definitiva no sentido de que nenhum outro Espírito poderia substituir o Espírito que foi escolhido para tomar (usar) aquele corpo (físico). Mas como os laços que prendem o Espírito ao corpo (físico) ainda são muito fracos (entre a concepção e o nascimento), aqueles laços podem ser facilmente quebrados. Aqueles laços podem ser quebrados por vontade do Espírito se o Espírito recuar (voltar atrás) diante das provas que o Espírito escolheu passar. Quando isso acontece, porém, a criança morre antes de nascer. |
| 346. | O que o Espírito faz se o corpo (físico) que o Espírito escolheu morrer antes de acontecer o nascimento? | |
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| – | O Espírito escolhe outro corpo. |
| 346a. | Qual é a utilidade dessas mortes prematuras? | |
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| – | Na maioria das vezes essas mortes prematuras são causadas pelas imperfeições da matéria [2]. |
| 347. | Que utilidade um Espírito pode encontrar na sua encarnação em um corpo (físico) que morre poucos dias depois de ter nascido? | |
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| – | Naquela fase da vida (física) o ser ainda não tem consciência plena da sua existência (física), e a importância da morte (física) é quase nenhuma para o Espírito. Como já dissemos, frequentemente a morte (prematura) é uma prova para os pais. |
| 348. | O Espírito sabe de antemão que o corpo (físico) que o próprio Espírito escolheu (para encarnar) não tem probabilidade (chances) de viver? | |
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| – | O Espírito algumas vezes sabe de antemão que o corpo que o próprio Espírito escolheu não tem chances de viver. Mas se a baixa chance que aquele corpo tem de viver é exatamente o motivo que levou o Espírito a escolher aquele corpo, isso significa que o Espírito está fugindo da prova que o Espírito tem que passar. |
| 349. | Quando a reencarnação de um Espírito falha por uma causa qualquer, uma outra reencarnação é imediatamente providenciada para aquele Espírito? | |
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| – | Nesses casos uma outra reencarnação nem sempre é providenciada imediatamente para o Espírito. É necessário que o Espírito tenha tempo para fazer uma nova escolha, a menos que a reencarnação imediata seja uma determinação anterior (sic [3]). |
| 350. | Depois que o Espírito já está unido ao corpo da criança (após o nascimento, quando já não é mais possível para o Espírito voltar atrás), acontece alguma vez que o Espírito lamente a escolha que o próprio Espírito fez? | |
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| – | Está perguntando se o Espírito (encarnado) se queixa da vida que tem como homem? Está perguntando se o homem desejaria que a vida que o homem tem fosse outra? Nesses casos, a resposta é "sim".
Está perguntando se o Espírito (encarnado) se arrepende da escolha que o próprio Espírito fez? Então, a resposta é "não", porque o Espírito (encarnado) não sabe que ele próprio fez a escolha. Depois que o Espírito está encarnado, o Espírito não pode lamentar uma escolha que o Espírito não sabe que ele próprio fez.
Entretanto, o Espírito (encarnado) pode achar que sua carga (na vida física) é pesada demais para as próprias forças; quando isso acontece, o Espírito comete suicídio. |
| 351. | O Espírito goza (tem) todas as suas faculdades [4] no intervalo de tempo que vai do momento da concepção até o momento do nascimento? | |
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| – | O Espírito goza mais ou menos de suas faculdades conforme o ponto em que o Espírito está dentro daquele intervalo de tempo. Dentro daquele intervalo de tempo o Espírito ainda não está encarnado, o Espírito está apenas ligado ao corpo (em gestação, em formação).
O Espírito começa a ser tomado de uma perturbação [5] (confusão) a partir do momento da concepção, anunciando para o Espírito que chegou para o Espírito o momento de começar uma nova existência corporal. Essa perturbação que o Espírito sente vai aumentando cada vez mais até o momento do nascimento.
Durante aquele intervalo de tempo, o estado do Espírito é quase igual ao estado de um Espírito encarnado durante o sono. Conforme a hora do nascimento se aproxima, as idéias do Espírito vão se apagando, as lembranças que o Espírito tem do próprio passado vão sumindo. O Espírito (encarnado) – na condição de homem - deixa de ter consciência de suas idéias e de suas lembranças (do próprio passado) como Espírito assim que o Espírito entra na vida (física).
As idéias, e as lembranças do Espírito de seu próprio passado (como Espírito), voltam pouco a pouco para o Espírito quando o Espírito desencarna e retorna para o estado de Espírito [6]. |
| 352. | O Espírito recobra (recupera) a plenitude (totalidade) de suas faculdades no momento do nascimento? | |
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| – | Não. As faculdades do Espírito se desenvolvem pouco a pouco junto com o desenvolvimento dos órgãos do corpo (físico) [7]. O Espírito está iniciando uma existência (física) nova, então é preciso que o Espírito aprenda a utilizar os (novos) instrumentos (órgãos do corpo) que estão à disposição do Espírito [8]. As idéias do Espírito voltam pouco a pouco para o Espírito, como acontece com uma pessoa que foi dormir em uma certa situação e acorda no dia seguinte em uma outra situação bastante diferente (sic [9]). |
| 353. | Pode ser pensado (considerado) que o feto (já) possui uma alma mesmo que antes do nascimento a união do Espírito com o corpo (físico) não esteja completada em definitivo? | |
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| – | O Espírito que vai tomar (usar) o corpo (físico) existe fora daquele corpo, de certo modo. Portanto o feto não tem uma alma [10] propriamente falando, já que a encarnação está apenas a caminho de ser realizada (completada). O feto está, entretanto, ligado à alma (Espírito) destinada para aquele corpo (físico). |
| 354. | Como a vida intrauterina pode ser explicada (entendida)? | |
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| – | A vida intrauterina é como a vida de uma planta que vegeta. A criança vive uma vida animal. O homem tem uma vida vegetal (intrauterina) e uma vida animal que se completam com a vida espiritual no momento do nascimento. |
| 355. | Há, de fato – como o indica a ciência – crianças que já (ainda) no seio materno não são viáveis (não irão sobreviver)? Com que propósito isso acontece? | |
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| – | Isso acontece frequentemente. Deus permite que isso aconteça como uma prova para os pais, ou como uma prova para o Espírito da criança. |
| 356. | Haveria entre os natimortos alguns que não tenham sido destinados à encarnação de Espíritos? | |
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| – | De fato, há alguns corpos (físicos) para os quais nenhum Espírito jamais esteve destinado. Não havia nada (propósito) a ser realizado para aqueles corpos. Nesse caso as crianças vem (como uma prova) apenas por causa dos pais. |
| 356a. | Um ser dessa natureza (sem um Espírito) pode chegar a nascer? | |
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| – | Algumas vezes um ser dessa natureza pode chegar a nascer, mas não sobrevive. |
| 356b. | Então isso quer dizer que toda criança que sobrevive após o nascimento é necessariamente um Espírito encarnado? | |
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| – | O que aquela criança seria se não existisse um Espírito encarnado? Não seria um ser humano. |
| 357. | Quais são as consequências que o aborto tem para o Espírito? | |
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| – | É uma existência nula (sem efeito) que tem que ser recomeçada. |
| 358. | Um aborto que seja provocado (em qualquer período da gestação) é um crime? | |
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| – | Sempre existe um crime quando os homens transgridem (não cumprem) a lei de Deus. Uma mãe, ou qualquer outra pessoa que tirar a vida de uma criança antes do nascimento da criança estará cometendo um crime porque aquela mãe, ou aquela pessoa, estará impedindo que uma alma passe pelas provas que a alma passaria (usando como instrumento o corpo que estava sendo formado com esse propósito). |
| 359. | No caso em que o nascimento de uma criança coloque em perigo a vida da mãe, haverá crime se a criança for sacrificada para salvar a vida da mãe? | |
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| – | É preferível sacrificar o ser que ainda não existe (a criança) do que sacrificar o ser que já existe (a mãe). |
| 360. | É racional (faz sentido) ter com um feto (morto) as mesmas atenções que seriam dadas para o corpo de uma criança que tivesse falecido depois de ter vivido algum tempo? | |
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| – | Vejam em tudo isso (morte do feto) a vontade e a obra de Deus. Portanto, não tratem com leviandade (descaso) as coisas que devem ser respeitadas. Por que não respeitar as obras da criação mesmo que aquelas obras algumas vezes estejam incompletas por vontade do Criador? Tudo acontece conforme os desígnios de Deus, e a ninguém cabe julgar aqueles desígnios. |
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[1] Concepção: fecundação do óvulo pelo espermatozoide.
[2] Allan Kardec havia perguntado sobre o propósito das mortes prematuras. Allan Kardec não havia perguntado sobre as causas das mortes prematuras, como foi respondido pelos Espírito superiores. No entanto, o propósito das mortes prematuras ficou esclarecido na questão seguinte (347).
[3] Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".
[4] Por "faculdades", aqui deve ser entendida a capacidade de perceber as coisas no ambiente, ao redor. Portanto, "inteligência" ou "raciocínio" também é uma dessas faculdades.
[7] Um Espírito encarnado precisa necessariamente usar os órgãos do corpo físico para se manifestar no mundo físico (falar, ouvir, pensar, etc.). Se os órgãos do corpo físico (o cérebro, por exemplo) não estão completamente desenvolvidos, as manifestações do Espírito encarnando ficam limitadas ou impedidas. Ver também questão 369.
[8] É bastante provável que o Espírito já tenha utilizado um corpo físico no planeta (Terra) em uma existência física anterior do Espírito. Então, teoricamente o Espírito já deveria saber utilizar os órgãos que os corpos físicos dos homens possuem. Mas como a lembrança de todo o passado que o Espírito já teve fica escondida do Espírito após o nascimento, o Espírito tem que necessariamente reaprender a usar os órgãos que os corpos físicos dos homens possuem. Além disso, um Espírito pode estar encarnando na Terra pela primeira vez, e – neste caso – o Espírito sequer teria uma lembrança sobre como utilizar um corpo físico na Terra.
[9] Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".
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