Parte II: O mundo espírita – Capítulo IX: Intervenção dos Espíritos no mundo corporal – Convulsionários

Livro dos Espíritos: linguagem simplificada - Convulsionários
 

Convulsionários [1]

 

481.

Os Espíritos têm algum papel (participação) nos fenômenos [2] que acontecem com as pessoas que são chamadas de "convulsionárias"?

 

Sim. Os Espíritos têm uma participação muito importante nos fenômenos que acontecem com as pessoas que são chamadas de "convulsionárias". O magnetismo (sic [3]) também tem um papel muito importante naqueles fenômenos, pois o magnetismo é a fonte primária (principal) daqueles fenômenos. Os charlatões, porém, têm frequentemente explorado e exagerado aqueles fenômenos a ponto de beirar o ridículo.

 

481a.

Em geral, qual é a natureza dos Espíritos que participam da produção (criação) da espécie de fenômenos que acontecem com as pessoas que são chamadas de "convulsionárias"?

 

Aqueles Espíritos são Espíritos com uma natureza pouco elevada (na escala espírita [4]). Seria de se supor que Espíritos superiores teriam prazer nesse tipo de coisas? [5]

 

482.

De repente toda uma população (sic [6]) passa a apresentar o estado anormal (comportamento fora do comum) dos "convulsionários" e dos que sofrem das chamadas "crises" (de convulsão). Por que isso acontece?

 

Isso acontece por "efeito de simpatia". Em certos casos, as disposições morais ("estados de espírito") são transmitidas muito facilmente entre as pessoas.

 

Os efeitos magnéticos (sic [7]) não são tão ignorados pelos homens a ponto de isso [8] não poder ser compreendido pelos homens, ou a ponto de não poder ser compreendido qual é a parte que os Espíritos (naturalmente) têm nisso. Os Espíritos participam disso por simpatia (atração) com as pessoas que provocam aqueles fatos (acontecimentos).

 

 

 

 

Os "convulsionários" apresentam faculdades (características e comportamentos) singulares (únicas) que podem ser facilmente observadas também no sonambulismo [9] e no magnetismo (sic [10]), como – por exemplo – a insensibilidade física, a leitura do pensamento, a transmissão de dores por simpatia, etc.

 

Portanto, não há como duvidar que um grupo de pessoas, que estejam passando por uma "crise de convulsão", estejam em uma espécie de "sonambulismo desperto" provocado pela influência que as pessoas daquele grupo têm umas sobre as outras [11]. Inconscientemente (sem perceberem), as pessoas daquele grupo (passando por uma "crise de convulsão") são ao mesmo tempo magnetizadores ("hipnotizadores", por assim dizer) e magnetizados ("hipnotizados").

 

 

483.

Alguns "convulsionários", e outras pessoas que passam por torturas atrozes (cruéis), apresentam uma insensibilidade física [12]. Qual é a causa daquela insensibilidade física?

 

Em alguns casos aquela insensibilidade física é efeito exclusivo (único) do magnetismo (sic [13]) que age sobre o sistema nervoso da pessoa, da mesma forma que algumas substâncias agem sobre o sistema nervoso para produzir a insensibilidade física (anestesia).

 

Em outros casos, a exaltação (empolgação) do pensamento enfraquece (embota) a sensibilidade física. Poderia ser dito (de forma figurada) que – nestes casos – a vida se retirou do corpo físico e ficou toda concentrada no Espírito. Não é um fato conhecido que o corpo físico não sente nada, não ouve nada, não vê nada quando o Espírito está vivamente (intensamente) preocupado com alguma coisa?

 

 

 

 

Em casos de suplício (sacrifício [14]), em situações onde a pessoa não seria capaz de superar uma dor aguda, a exaltação (empolgação) fanática e o entusiasmo têm fornecido vários exemplos de uma calma, e de um sangue frio que não poderiam ser explicados a não ser que a pessoa estivesse com a sensibilidade física anulada (como se a pessoa tivesse sido anestesiada).

 

É fato bem conhecido que no ardor da batalha muitos combatentes não percebem que estão gravemente feridos, ao passo que em condições normais um simples arranhão faria com que aqueles mesmos combatentes tremessem.

 

Em algumas situações ocorre abuso e escândalo (sic [15]) nos fenômenos observados com "convulsionários" e – então – uma autoridade pública (sic [16]) intervém (interfere) para por fim – com razão – à continuação da ocorrência daqueles fenômenos. Mas como uma autoridade consegue pôr fim aos fenômenos se os fenômenos não dependem apenas de uma causa física mas dependem também da ação de certos Espíritos? A explicação é simples: a participação dos Espíritos nos fenômenos é apenas secundária (os Espíritos apenas se aproveitam de uma disposição natural de um "convulsionário"). A autoridade não elimina a disposição (estado) do "convulsionário", a autoridade apenas elimina o que possa estar causando e alimentando aquela disposição no "convulsionário". A disposição (estado) do "convulsionário" passa de uma situação ativa (em manifestação) para uma situação latente (adormecida). Além disso, é bem sabido que esse tipo de intervenção não produz qualquer resultado quando a ação dos Espíritos é direta e espontânea (iniciada por livre iniciativa dos próprios Espíritos).

 

 


 

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[1]

Por falta de uma definição clara do que seja um "convulsionário", está sendo entendido que uma "pessoa convulsionária" seja uma pessoa apresentando comportamentos fora do comum causados por um estado de emoção intensa.

 

CONVULSÃO: contração violenta e involuntária dos músculos ou dos membros; contração violenta que causa uma dor intensa, provocada por uma alteração no sistema nervoso; (figurado) condição de desordem; excesso de agitação; (figurado) emoção intensa que resulta de traumas ou outros episódios de natureza emocional.

 

[2]

Não está claro quais seriam esses "fenômenos". Provavelmente são os fenômenos que correspondem às "faculdades" mencionadas nas observações de Allan Kardec na questão 482.

 

[3]

Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".

 

[4]

Ver questões 100 a 113 sobre "escala espírita".

 

[5]

Observar que pela resposta dos Espírito superiores os "fenômenos" que acontecem com os "convulsionários" estão praticamente e automaticamente classificados como "questionáveis" (associados a Espíritos de natureza inferior), ainda que aqueles "fenômenos" (ver questão 482) sejam praticamente os mesmos observados nos sonhos (ver questões 400 a 412), no sonambulismo (ver questões 425 a 438), no êxtase (ver questões 439 a 446), e na "segunda vista" ou clarividência (ver questões 447 a 454).

 

[6]

Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito". Por "população" está sendo entendido um grupo com um certo número de pessoas, e não necessariamente uma "população" (de uma cidade, de uma região, ou de um país) propriamente dita.

 

[7]

Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".

 

[8]

No caso, "isso" quer dizer a transmissão de "estados de espírito" entre as pessoas.

 

[9]

Ver questões 425 a 438 sobre "sonambulismo".

 

[10]

Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".

 

[11]

O "estado de espírito" compartilhado pelas pessoas do grupo é a própria influência que as pessoas do grupo têm umas sobre as outras, e é – também – o que causa aquela espécie de "sonambulismo desperto" em todas as pessoas do grupo.

 

[12]

Aquelas pessoas não sentem dor, por exemplo.

 

[13]

Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".

 

[14]

Por exemplo, quando uma pessoa é condenada à morte sendo queimada viva em uma fogueira.

 

[15]

Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".

 

[16]

Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".

 

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