Parte II: O mundo espírita – Capítulo IX: Intervenção dos Espíritos no mundo corporal – Influência oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e atos
Influência oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e atos [1]
459. | Os Espíritos influem (interferem) nos pensamentos e nos atos dos homens? | |
| – | Os Espíritos influem nos pensamentos e nos atos dos homens muito mais do que os homens imaginam. Com bastante frequência são os Espíritos que dirigem (conduzem) os homens. |
460. | Ao lado dos pensamentos que são próprios dos homens, há outros pensamentos que sejam sugeridos para os homens (pelos Espíritos)? | |
| – | A alma de um homem é um Espírito que pensa. É fato bem conhecido que os homens têm muitos pensamentos ao mesmo tempo sobre um mesmo assunto, e não é raro que aqueles pensamentos sejam contrários uns aos outros (estejam em conflito). Pois bem, naquele conjunto de pensamentos que um homem tem sempre existe uma mistura dos pensamentos próprios do homem com os pensamentos sugeridos para o homem pelos Espíritos. Daí é que vem a incerteza que os homens têm (sobre os próprios pensamentos). Acontece que o homem tem – então – duas ideias (sobre um mesmo assunto) que estão em conflito uma com a outra. |
461. | Como os homens podem perceber a diferença entre os pensamentos que são próprios deles dos pensamentos que são sugeridos para os homens (pelos Espíritos)? | |
| – | Quando um Espírito sugere um pensamento para um homem, o homem tem a impressão de estar ouvindo alguém falando alguma coisa para ele. Geralmente os primeiros pensamentos que os homens têm (sobre um certo assunto) são os pensamentos que são próprios deles.
Mas, afinal, não é de grande interesse (benéfico) para os homens perceberem a diferença na origem dos pensamentos que os homens têm. Muitas vezes é útil que os homens não percebam a diferença na origem dos pensamentos que os homens têm, pois se os homens não conseguem perceber aquela diferença, então os homens podem agir com mais liberdade [2]. Se o homem toma – então – a decisão de fazer o bem, a decisão do homem é voluntária; se, ao contrário, o homem toma um mau caminho, a responsabilidade do homem será maior (porque tomou essa decisão por vontade própria). |
462. | Os homens inteligentes e de gênio sempre tiram dos próprios pensamentos as ideias que eles têm? | |||
| – | Algumas vezes aquelas ideias vem do próprio Espírito dos homens inteligentes e de gênio. Mas muitas vezes aquelas ideias são sugeridas para aqueles homens por Espíritos que pensam (julgam) que aqueles homens são capazes de entender as ideias transmitidas pelos Espíritos, e são dignos de transmitir (divulgar, espalhar) aquelas ideias. Os homens de inteligência e de gênio apelam para a inspiração quando aqueles homens não encontram neles próprios (em seus próprios pensamentos) aquelas ideias; então aqueles homens fazem uma verdadeira evocação (pedido de ajuda) sem sequer suspeitarem que estejam fazendo uma evocação. | ||
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Se fosse útil para o homem fazer a distinção (perceber a diferença) entre os pensamentos próprios do homem e os pensamentos que são sugeridos para o homem (pelos Espíritos), Deus teria providenciado para o homem os meios para o homem saber aquele diferença (assim como Deus providenciou, por exemplo, os meios para o homem perceber a diferença entre o dia e a noite). Quando uma coisa continua vaga (não muito clara) para o homem é porque é conveniente (conforme a sabedoria de Deus) que assim seja. |
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463. | As pessoas têm o costume de dizer que o primeiro impulso (em uma situação) é sempre bom. Isso está correto? | |
| – | O primeiro impulso que um homem tem pode ser bom, ou pode ser mau conforme a natureza do Espírito encarnado no homem. O primeiro impulso que um homem tem é sempre bom no homem que ouve as boas inspirações [3]. |
464. | Como o homem pode saber se um pensamento sugerido para o homem (por um Espírito) veio de um Espírito bom ou veio de um Espírito mau (imperfeito)? | |
| – | Basta que o homem estude (analise) a situação. Os Espíritos bons só aconselham para o bem. Cabe ao homem perceber a diferença entre um Espírito bom e um Espírito mau (imperfeito). |
465. | Qual é o objetivo dos Espíritos imperfeitos que induzem (conduzem) os homens para o mal? | |
| – | Os Espíritos imperfeitos desejam que os homens sofram da mesma forma que eles sofrem. |
465a. | Quando os Espíritos imperfeitos conduzem os homens para o mal, os sofrimentos daqueles Espíritos imperfeitos diminuem? | |
| – | Os sofrimentos dos Espíritos imperfeitos não diminuem quando aqueles Espíritos conduzem os homens para o mal. Aqueles Espíritos conduzem os homens para o mal por inveja. Aqueles Espíritos imperfeitos não suportam (aguentam a ideia) que existam seres felizes. |
465b. | Qual é a natureza (tipo) dos sofrimentos que os Espíritos imperfeitos tentam provocar (infligir) nos outros? | |
| – | Os Espíritos imperfeitos tentam provocar nos outros o tipo de sofrimentos que os Espíritos de ordem inferior (na escala espírita [4]) experimentam, e o tipo de sofrimentos que os Espíritos que estão afastados de Deus experimentam. |
466. | Por que Deus permite que Espíritos estimulem (excitem) os homens para o mal? | |||
| – | Os Espíritos imperfeitos são os instrumentos mais adequados (que Deus utiliza) para provar (testar) a fé e a constância (firmeza) dos homens na prática do bem. Os homens são Espíritos que têm que progredir na ciência (conhecimento) do infinito (sic [5]). Por isso os homens têm que passar pelas provas (lições) do mal para poderem chegar ao bem. A missão dos Espíritos bons (superiores) é a de colocar os homens no bom caminho.
Se existem influências más agindo sobre o homem, é porque o próprio homem atrai aquelas influências más quando o homem deseja (praticar) o mal; quando o homem deseja praticar o mal, os Espíritos inferiores se apressam para ajudar o homem naquele mal. Os Espíritos inferiores só podem ajudar o homem a praticar o mal quando o homem deseja praticar o mal.
Se um homem tem a inclinação (desejo) para praticar assassinato, o homem terá em torno dele uma nuvem de Espíritos (inferiores) alimentando aquele desejo no íntimo do homem. Mas também haverá outros Espíritos cercando aquele homem e se esforçando para influenciar aquele homem para o bem; isso mantém o equilíbrio (entre as influências más e as influências boas sobre o homem), e deixa o homem senhor dos próprios atos (capaz de decidir por conta própria). | ||
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É dessa forma que Deus deixa por conta da consciência do homem a escolha do caminho que o homem deve seguir, e permite que o homem tenha a liberdade de ceder à uma ou outra das influências contrárias (bem x mal) que agem sobre o homem. |
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467. | O homem pode se eximir (escapar) da influência dos Espíritos que procuram arrastar o homem para o mal? | |
| – | Sim, o homem pode se eximir (escapar) daquela influência porque aqueles Espíritos só se apegam aos homens que chamam aqueles Espíritos (pelos desejos que o homem tem), e porque aqueles Espíritos só se apegam aos homens que atraem aqueles Espíritos (pelos pensamentos do próprio homem). |
468. | Se o homem pela sua vontade afasta (não aceita) a influência dos Espíritos, aqueles Espíritos desistem de tentar influenciar o homem? | |
| – | O que se poderia esperar que aqueles Espíritos fizessem (a não ser desistir)? Quando aqueles Espíritos não conseguem nada (não conseguem influenciar o homem), aqueles Espíritos abandonam o campo (de batalha). Entretanto, aqueles Espíritos ficam à espreita (vigiando) esperando um bom momento (propício) para voltar a tentar influenciar o homem, como um gato que espera o momento certo para atacar um rato. |
469. | Quais são os meios que os homens podem usar para neutralizar (anular) a influência dos Espíritos maus (imperfeitos)? | |
| – | Quando os homens praticam o bem, quando os homens põem toda confiança em Deus, os homens afastam a influência dos Espíritos inferiores, os homens destroem o domínio que os Espíritos inferiores desejam ter sobre os homens.
Os homens devem ter cuidado para não atenderem (ouvirem) às sugestões dos Espíritos que fazem nascer maus pensamentos nos homens, para não atenderem às sugestões dos Espíritos que sopram (sugerem) a discórdia (desentendimento) entre os homens, para não atenderem às sugestões dos Espíritos que alimentam as paixões más nos homens. Os homens devem desconfiar principalmente dos Espíritos que exaltam (engrandecem) o orgulho do homem pois tais Espíritos se aproveitam do lado fraco dos homens.
Essa é a razão por que Jesus ensinou os homens a dizerem (na oração dominical): "Senhor! Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal". |
470. | Os Espíritos que procuram induzir (levar) o homem para o mal (dessa forma testando a firmeza dos homens no bem), agem desse jeito porque aqueles Espíritos estão cumprindo uma missão (dada para aqueles Espíritos)? Se aqueles Espíritos estão cumprindo uma missão, aqueles Espíritos têm alguma responsabilidade por agirem daquele jeito (levando o homem para o mal)? | |
| – | Nenhum Espírito recebe a missão de praticar o mal. Um Espírito que pratica o mal está praticando o mal por conta própria, e – portanto – aquele Espírito deverá sofrer (enfrentar) as consequências de todo o mal que aquele Espírito pratique.
Deus pode permitir que um Espírito se comporte dessa forma (praticando o mal) para experimentar (testar) o homem (que sofre o mal), mas Deus nunca determina que um Espírito se comporte daquela forma. Portanto, a responsabilidade por afastar aquele Espírito (que está praticando o mal) é uma responsabilidade do homem (que está sofrendo o mal). |
471. | Quando um homem experimenta (tem) uma sensação de angústia, ou uma sensação de ansiedade indefinível (que não pode explicada), ou uma sensação de satisfação íntima (interior), sem que o homem conheça (saiba) a causa para isso, existe apenas uma disposição (causa) física para isso [6]? | |
| – | Aquelas sensações quase sempre são um efeito (consequência) das comunicações que os homens têm inconscientemente com os Espíritos (sem saberem e sem perceberem), ou são uma consequência das comunicações que os homens tiveram com os Espíritos durante o sono [7]. |
472. | Os Espíritos que procuram (tentam) atrair os homens para o mal apenas aproveitam as circunstâncias (condições) em que os homens estão vivendo, ou aqueles Espíritos também podem criar (para o homem) as condições que possam ser aproveitadas por aqueles Espíritos para atrair os homens para o mal? | |
| – | Aqueles Espíritos aproveitam as condições em que os homens estão vivendo para atrair os homens para o mal, mas aqueles Espíritos também têm o costume de criar as condições que podem ser aproveitadas para atrair o homem para o mal: aqueles Espíritos – então – empurram (impelem) os homens para aquilo que os homens cobiçam (desejam), sem que os homens se deem conta (percebam) que estão sendo manobrados.
Por exemplo, um homem que está andando por um caminho encontra (acha) uma certa quantia de dinheiro. Não deve ser pensado (imaginado) que foram os Espíritos que trouxeram aquela quantia de dinheiro para aquele lugar. Mas os Espíritos (imperfeitos) podem inspirar (sugerir) para o homem que o homem ande por aquele caminho e, depois, podem sugerir para o homem que o homem fique com o dinheiro encontrado (achado), enquanto outros Espíritos (bons) podem sugerir para o homem que o homem devolva o dinheiro para o dono legítimo.
Acontece a mesma coisa com todas as outras tentações que um homem tem. |
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Ver também questão 456 a 459 sobre "faculdade (capacidade) que os Espíritos têm de penetrar os nossos pensamentos". |
Isso faz sentido quando se pensa nos conselhos, sugestões, e palpites que outras pessoas nos dão: não é raro que as pessoas deixem de fazer alguma coisa, ou deixem de seguir um certo caminho, simplesmente porque fazer aquela coisa (ou seguir aquele caminho) foi um conselho, sugestão, ou palpite de outra pessoa. |
Ver também questões 74 e 75 sobre "instinto". Um primeiro impulso tanto pode ser resultado de pensamentos quanto pode ser resultado de instinto. |
Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito". |
[6] | O sentido da pergunta seria: "as causas daquelas sensações que o homem estão limitadas às circunstâncias e condições da existência física do homem"? |
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