Parte III: Leis morais – Capítulo II: Lei de adoração – Politeísmo

Livro dos Espíritos: linguagem simplificada - Politeísmo

 

Politeísmo [1]

 

667.

A crença politeísta é falsa. Então por que a crença politeísta é uma das mais antigas e disseminadas (divulgadas)?

 

A concepção (idéia) de um Deus único não poderia existir no homem senão como um resultado do desenvolvimento (amadurecimento) das idéias do homem.

 

A ignorância (inteligência pouco desenvolvida) do homem tornava o homem incapaz de imaginar um ser imaterial, sem uma forma determinada, e atuando (agindo) sobre a matéria (universo). Então o homem deu para aquele ser imaterial os atributos (qualidades) da natureza corpórea (do próprio homem); isto é, o homem deu para aquele ser imaterial uma forma e uma aparência. A partir daí, tudo o que parecia para o homem que estaria ultrapassando os limites da (capacidade da) inteligência comum era uma divindade para o homem. Tudo o que o homem não era capaz de compreender deveria ser – então – obra de uma potência (força) sobrenatural. Desse ponto em diante, acreditar que existiam tantas potências distintas (diferentes) quanto existiam efeitos (sobrenaturais) que o homem observava, não havia mais do que um passo de distância.

 

Porém, em todos os tempos existiram homens esclarecidos que compreenderam que a existência de muitos poderes governando o mundo, sem uma direção superior, seria algo impossível. Por consequência daquela compreensão, aqueles homens se elevaram para a concepção (idéia) de um Deus único.

 

668.

Os fenômenos espíritas foram produzidos (aconteceram) em todos os tempos, e foram conhecidos desde as primeiras idades do mundo. Então, os fenômenos espíritas não terão contribuído para a difusão (divulgação) da crença na existência de muitos deuses?

 

Sem dúvidas. Visto que os homens chamavam de "deus" tudo o que era sobre-humano, os homens pensavam que os Espíritos seriam deuses.

 

Disso veio que os homens passaram a fazer (ver como) "deus" uma outra pessoa, quando aquela pessoa se distinguia (destacava) dos demais homens por causa das ações daquela pessoa, ou por causa do gênio (inteligência) daquela pessoa, ou por causa de algum poder oculto (fora do comum) [2] daquela pessoa e que os homens comuns não conseguiam compreender. Após a morte daquela pessoa, os homens rendiam (prestavam) culto para aquela pessoa (como se aquela pessoa fosse um "deus").

 

 

 

 

A palavra "deus" tinha um significado muito amplo (geral) entre os antigos. Entre os antigos a palavra "deus" não significava uma personificação (representação humana) do Senhor da natureza, da forma como a palavra "Deus" significa atualmente. Entre os antigos, a palavra "deus" era usada de forma genérica (geral) para todo ser existente fora das condições da humanidade.

 

Ora, as manifestações espíritas revelaram para os antigos a existência de seres incorpóreos atuando (agindo) como uma potência (força) da natureza, e – então – os antigos chamaram aqueles seres incorpóreos de "deuses", da mesma forma que atualmente aqueles seres incorpóreos são chamados de Espíritos.

 

Isso é uma pura questão de palavras. A única diferença é que os antigos estavam na ignorância (desconhecimento mantido por alguns que tinham interesse naquela ignorância) e, por isso, os antigos ergueram templos e altares muito lucrativos para os tais "deuses", ao passo que atualmente os Espíritos são considerados (vistos como) simples criaturas como os homens, criaturas que são mais ou menos perfeitas e que se despojaram (livraram) de seus envoltórios terrestres (corpos físicos).

 

Se os atributos (qualidades) das divindades pagãs forem estudados com atenção, sem esforço poderão ser notados (naquelas divindades pagãs) todos os atributos (qualidades) dos Espíritos nos diferentes graus da escala espírita [3], poderá ser notado o estado físico em que aqueles Espíritos estão nos mundos superiores (onde aqueles Espíritos vivem), poderão ser notadas todas as propriedades do perispírito, e poderão ser notados os papéis que aqueles Espíritos tem nas coisas da Terra.

 

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O Cristianismo não tinha a proposta (pretensão) de destruir (negar) uma coisa que está na natureza [4] quando o Cristianismo veio iluminar o mundo com a sua luz divina. Porém, o Cristianismo orientou que a adoração fosse feita para quem a adoração é devida [5].

 

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No que diz respeito aos Espíritos, a lembrança (que os homens tem) dos Espíritos tem se perpetuado (continuado) com diversos nomes que variam conforme os povos. As manifestações dos Espíritos – que nunca pararam de acontecer – foram interpretadas de maneiras diferentes, e foram muitas vezes exploradas debaixo do véu (cortina) do mistério,

 

Enquanto as manifestações dos Espíritos eram (vistas como) fenômenos miraculosos para a religião, para os incrédulos (descrentes) as manifestações dos Espíritos sempre foram (vistas como) embustes (farsas). Atualmente – graças a um estudo mais sério realizado à luz meridiana (com total clareza) – o Espiritismo, livre das idéias supersticiosas que ensombraram (mancharam) o Espiritismo durante séculos, revela para os homens um dos maiores e mais sublimes (elevados) princípios da natureza [6].

 

 


 

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[1]        POLITEÍSMO: crença religiosa que cultua (honra) mais do que um deus; sistema religioso que admite (permite) vários deuses.

[2]        Por exemplo, a clarividência.

[3]        Ver questões 100 a 113 sobre "escala espírita".

[4]        No caso, essa "coisa" seriam os Espíritos e o mundo espírita.

[5]        A adoração é devida à Deus, e não a Espíritos (por mais elevados que tais Espíritos sejam).

[6]        No caso, a existência dos Espíritos e do mundo espírita, incluindo suas relações com o mundo material.

 

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