Parte III: Leis morais – Capítulo IV: Lei de reprodução – Casamento e celibato
Casamento e celibato
695. | O casamento – isto é, a união permanente de dois seres – vai contra a lei da natureza? | |
| – | O casamento é um progresso na marcha da humanidade [1]. |
696. | Se o casamento deixasse de ser praticado entre os homens, qual seria a consequência para a sociedade humana? | |||
| – | A sociedade humana iria voltar para a condição da vida dos animais se o casamento deixasse de ser praticado entre os homens. | ||
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A união livre e fortuita (ao acaso) dos sexos é um "estado de natureza". O casamento é um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas porque o casamento estabelece (fortalece) a solidariedade fraterna [2]. O casamento existe entre todos os povos (se bem que em condições diversas). A abolição (extinção) do casamento representaria o retorno da humanidade para a fase de infância da humanidade, e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais (onde o homem pode encontrar exemplo de uniões permanentes [3]). |
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697. | A indissolubilidade absoluta do casamento está na lei da natureza ou está apenas na lei humana? | |
| – | A indissolubilidade absoluta do casamento é uma lei humana muito contrária à lei da natureza [4]. Mas os homens podem modificar as leis dos homens. Só as leis da natureza é que não podem ser mudadas. |
698. | O celibato [5] voluntário representa um estado (condição) de perfeição que é meritório (tem valor) aos olhos de Deus? | |
| – | Não. Os homens que vivem no estado de celibato por egoísmo desagradam a Deus, e enganam o mundo (sic [6]). |
699. | O celibato por parte de certas pessoas [7] não seria um sacrifício que aquelas pessoas fazem com o fim (intenção) de se votarem (dedicarem) de modo mais completo para o serviço da humanidade? | |||
| – | Isso é muito diferente. Dissemos que o celibato por egoísmo é que é condenável. Todo sacrifício pessoal é meritório (tem valor) quando aquele sacrifício é feito para o bem. Quanto maior for o sacrifício, tanto maior será o mérito (valor). | ||
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Não é possível que Deus caia em contradição. Não é possível que Deus pense que seja um mau alguma coisa que Ele próprio fez (criou). Portanto, não deve existir nenhum mérito (valor) em alguma coisa que vai contra a lei de Deus.
O celibato em si mesmo pode não ser um estado (condição) meritório (de valor), mas passa a ser um estado meritório quando o celibato é um sacrifício (das alegrias de uma família) realizado em prol (em favor) da humanidade.
Todo sacrifício pessoal que tem em vista o bem, sem qualquer idéia egoísta, eleva o homem acima da condição material do homem. |
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[1] Portanto, o casamento não vai contra a lei da natureza pois o casamento é um progresso dos homens, e tal progresso só pode estar de acordo com uma lei (a da natureza) que tem o objetivo da perfeição através do progresso.
[2] É claro que o fortalecimento da solidariedade fraterna não depende apenas da instituição do casamento pois o comportamento dos homens na paternidade (levada a sério) e nas relações de amizade verdadeira também pode fortalecer a solidariedade fraterna (independente da instituição casamento existir ou não entre os homens).
[3] Exemplos de acasalamento monogâmico e por toda a vida, onde os animais tem um único parceiro sexual durante toda a vida, podem ser encontrados entre as gaivotas e os pinguins.
[5] CELIBATO: estado da pessoa que está solteira, estado de quem não é casado.
[6] Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".
[7] Os padres e as freiras católicos, por exemplo, fazem um voto (promessa) de permanecerem solteiros por toda a vida (enquanto fizerem parte da Igreja Católica).
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