Parte III: Leis morais – Capítulo V: Lei de conservação – Gozo dos bens terrenos
Gozo dos bens terrenos
711. | O uso dos bens da terra [1] é um direito de todos os homens? | |
| – | Esse direito é uma consequência da necessidade de viver. Deus não imporia um dever para o homem sem dar para o homem o meio que o homem precisa para cumprir aquele dever. |
712. | Com que fim (objetivo) Deus colocou atrativos no gozo (desfrute) dos bens materiais? | |
| – | Para instigar (incentivar) o homem para cumprir a missão dada ao homem (sic [2]), e para experimentar (testar) o homem através da tentação. |
712a. | Qual é o objetivo da tentação que existe para o homem no gozo (desfrute) dos bens materiais? | |||
| – | O objetivo é o desenvolvimento (fortalecimento) da razão (raciocínio) do homem. A razão (raciocínio) do homem deve preservar (poupar) o homem dos excessos. | ||
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Se o homem só fosse instigado (incentivado) a usar os bens terrenos (apenas) pela utilidade que os bens terrenos tem, talvez a indiferença do homem teria comprometido (prejudicado) a harmonia do universo.
Deus colocou o atrativo do prazer no uso dos bens terrenos porque assim o homem é impelido (levado) para o cumprimento dos desígnios Providenciais.
Mas, além disso, quando Deus colocou o atrativo do prazer no uso dos bens terrenos, Deus também quis experimentar (testar) o homem através da tentação que arrasta o homem para o abuso (no uso dos bens terrenos). A própria razão (raciocínio) do homem deve (tem o dever) proteger o homem daqueles abusos. |
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713. | A natureza traçou (definiu) limites para os gozos (prazeres)? | |
| – | Sim. A natureza traçou (definiu) limites para os gozos (prazeres) para indicar para os homens o limite do que é necessário [3]. Mas os homens punem a si próprios quando os homens chegam à saciedade (satisfação completa) através dos próprios excessos. |
714. | O que deve ser pensado do homem que procura nos excessos de todo o gênero o requinte (prazer máximo) dos gozos (prazeres)? | |
| – | É uma pobre criatura! É uma criatura que é mais digna de lástima (dó) do que de inveja pois é uma criatura que está bem perto da morte! |
714a. | Perto da morte física, ou perto da morte moral? (sic [4]) | |||
| – | Perto de ambas. | ||
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O homem que procura nos excessos de todo o gênero o requinte (prazer máximo) do gozo (prazer) se coloca abaixo do animal pois o animal sabe quando parar se o animal teve as suas necessidades satisfeitas. Aquele homem abre mão da razão (raciocínio) que Deus deu para aquele homem usar como um guia. Quanto maiores forem os excessos daquele homem, tanto mais preponderância (domínio) aquele homem dará para a sua natureza animal, às custas de sua natureza espiritual. As doenças, as enfermidades, e a própria morte (física) que são um resultado dos abusos são ao mesmo tempo um castigo para a transgressão (descumprimento) da lei de Deus. |
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[2] Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".
[4] Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito". É a primeira vez que a expressão "morte moral" é usada no Livro dos Espíritos, e não está perfeitamente claro (definido) qual seria o exato significado de "morte moral" já que: (1) o Espírito tem toda a eternidade para se aperfeiçoar moralmente; (2) um Espírito não anda para trás em sua evolução dentro da escala espírita; (3) a palavra "morte" tem um sentido de "destruição", ou de "transformação" pelo menos (e neste caso seria transformação para uma situação pior).
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