Parte III: Leis morais – Capítulo IX: Lei de igualdade – Igualdade perante o túmulo
Igualdade perante o túmulo
823. | De onde nasce o desejo que o homem sente de perpetuar sua memória em monumentos fúnebres (mausoléus)? | |
| – | Aquele desejo é um último ato de orgulho do homem. |
823a. | Mas na maioria das vezes a suntuosidade (luxo) dos monumentos fúnebres (mausoléus) não é devida mais aos parentes do defunto (que querem honrar a memória do defunto), ao invés de ser devida menos ao próprio defunto? | |
| – | Nesse caso existe orgulho dos parentes do defunto que tem o desejo de glorificarem a si próprios. Oh sim! Nem sempre esse tipo de demonstração é feita por causa do morto. Esse tipo de demonstração é feita por amor-próprio e para o mundo, e também para ostentar riqueza.
Por acaso, existe a suposição de que a lembrança de um ente querido morto irá durar menos no coração de um homem pobre que não teve condições de colocar nada além do que uma simples flor sobre o túmulo do ente querido morto? Existe a suposição de que o mármore do túmulo irá poupar do esquecimento alguém que foi inútil na Terra? |
824. | Então a pompa (ostentação) nos funerais é reprovada de modo absoluto (totalmente)? | |
| – | Não. Quando a pompa nos funerais tem o objetivo de honrar a memória de um homem de bem, a pompa nos funerais é justa e é um bom exemplo. |
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O túmulo é o local de reunião de todos os homens. No túmulo terminam inelutavelmente (sem contestação) todas as distinções (diferenças) humanas. O homem rico tenta perpetuar sua memória em vão quando o homem rico manda construir monumentos. O tempo irá destruir aqueles monumentos da mesma forma que o tempo destrói o corpo físico. A natureza quer que seja assim. A lembrança das ações boas e das ações más do homem dura mais do que o túmulo do homem. A pompa (ostentação) do túmulo de um homem não irá limpar aquele homem de suas torpezas (imoralidades), nem fará com que aquele homem suba um degrau sequer na hierarquia espiritual [1]. |
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