Parte III: Leis morais – Capítulo VII: Lei de sociedade – Vida de isolamento, voto de silêncio
Vida de isolamento, voto de silêncio
769. | É possível compreender que a vida social esteja na natureza como um princípio geral. Mas já que todos os gostos (prazeres) também estão na natureza, por que o isolamento absoluto (total) seria condenável se aquele isolamento pode trazer satisfação (prazer) para o homem? | |
| – | É uma satisfação (prazer) egoísta. Também há homens que experimentam satisfação na embriaguez. A embriaguez merece aprovação? Uma vida onde o homem se condena (sic [1]) a não ser útil para ninguém não pode agradar a Deus. |
770. | O que deve ser pensado do homem que vive em reclusão absoluta (total) para fugir do contato pernicioso (prejudicial) do mundo? | |
| – | Isso é egoísmo duplo. |
770a. | E se o homem viver em reclusão absoluta (total) com o objetivo de expiação (purificação), se impondo uma privação penosa? Aquela reclusão por expiação não tem merecimento? | |
| – | A melhor expiação (purificação) está em fazer maior soma de bem do que de mal. O homem que se isola para evitar um mal acaba caindo em outro mal, pois aquele homem se esquece da lei de amor e de caridade [2]. |
771. | O que deve ser pensado do homem que foge do mundo para se dedicar para o socorro dos desgraçados (infelizes)? | |
| – | Esse homem se eleva quando esse homem se rebaixa (para socorrer os desgraçados). Esse homem tem um merecimento dobrado porque esse homem se coloca acima dos gozos (prazeres) materiais, e porque esse homem faz o bem quando esse homem – assim – cumpre a lei do trabalho. |
771a. | E o que deve ser pensado do homem que procura o retiro (reclusão) para poder ter a tranquilidade que a execução de certos trabalhos precisa? | |
| – | Isso não é o retraimento (reclusão) absoluto do egoísta. Aquele homem não está se isolando da sociedade pois aquele homem está trabalhando para a sociedade (através da execução daqueles trabalhos). |
772. | O que deve ser pensado sobre o "voto de silêncio" que é prescrito (recomendado) por algumas seitas desde a mais remota antiguidade? | |||
| – | O homem deve antes se perguntar se a palavra é uma faculdade (capacidade) natural, e o homem deve antes se perguntar por que Deus deu a palavra para o homem. Deus condena o abuso das faculdades (capacidades) que Ele deu para o homem; Deus não condena o uso daquelas faculdades.
Entretanto, o silêncio é (pode ser) útil pois no silêncio o homem põem o recolhimento em prática; no recolhimento o Espírito do homem se torna mais livre e pode – então – entrar em comunicação com os (outros) Espíritos.
Mas o "voto de silêncio" é uma tolice. Sem dúvida, o homem que considera essas privações (como a privação do "voto de silêncio) como sendo atos de virtude tem uma boa intenção. Mas aquele homem se engana porque aquele homem não compreende as verdadeiras leis de Deus o bastante. | ||
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O "voto de silêncio" absoluto (total), do mesmo modo que o "voto de isolamento" (absoluto), afasta o homem das relações sociais que podem proporcionar para o homem as ocasiões (que o homem precisa) para fazer o bem, e para cumprir a lei do progresso. |
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