Parte II: O mundo espírita – Capítulo XI: Os três reinos da natureza – Os animais e o homem

Livro dos Espíritos: linguagem simplificada - Os animais e o homem

 

Os animais e o homem [1]

 

592.

Se em uma comparação entre o homem e os animais for levada em conta apenas a "inteligência", parece difícil definir uma linha divisória entre o homem e os animais, pois alguns animais mostram que tem uma inteligência claramente superior (maior) à inteligência de certos homens (sic [2]). Tal linha divisória pode ser definida de uma forma precisa (clara)?

 

No meio dos filósofos entre os homens existe um desentendimento total sobre esse assunto. Alguns filósofos dizem que o homem é um animal, e outros filósofos dizem que o animal é um homem. Estão todos errados.

 

O homem é um ser à parte (dos outros seres), um ser que desce muito baixo algumas vezes, e que também pode se elevar muito alto.

 

No aspecto físico (corporal), o homem é como os animais e menos dotado do que muitos animais. A natureza deu para os animais tudo o que falta para o homem, e que o homem é obrigado a inventar com a sua própria inteligência [3] para a satisfação de suas necessidades (materiais) e para a sua própria conservação.

 

O corpo do homem acaba destruído (pela morte física), assim como o corpo dos animais, com certeza. Mas para o Espírito do homem está reservado um destino que só o Espírito pode compreender, porque só o Espírito é inteiramente livre (sic [4]).

 

Pobres homens que se colocam abaixo dos brutos (animais)! Os homens não sabem se distinguir dos animais? O homem deve ser reconhecido pela faculdade (capacidade) do homem de pensar em Deus.

 

593.

Pode ser dito que os animais só agem por instinto?

 

Nas ações dos animais (ainda) há um sistema (sic [5]). É verdade que o instinto é dominante na maioria dos animais. Mas não pode ser observado que muitos animais agem dando indicação da presença de uma vontade acentuada (forte)? É uma espécie de inteligência limitada.

 

 

 

 

Não pode ser negado que alguns animais executam atos combinados (planejados em grupo), além de possuírem o instinto. Aqueles atos indicam a presença (nos animais) de uma vontade de agir de uma determinada maneira (em um sentido determinado) e de acordo com as circunstâncias.

 

Portanto, existe nos animais uma espécie de inteligência, mas os animais só usam aquela inteligência quase que apenas para utilizar os meios (que precisam) para satisfazerem às suas necessidades físicas, e para cuidarem da própria conservação (preservação).

 

Mas os animais não criam nada, nem realizam qualquer melhora. Não importa qual seja a arte (habilidade) dos animais na execução de seus trabalhos, os animais fazem hoje a mesma coisa que faziam ontem, nem melhor e nem pior, seguindo formas e proporções [6] que são constantes e não mudam.

 

Mesmo que uma cria (filhote) esteja separada dos outros seres de sua espécie, nem por isso a cria deixa de construir o seu ninho exatamente como fazem os seres adultos de sua espécie, e sem que aquela cria tenha recebido qualquer ensinamento.

 

Se alguns animais se mostram capazes de receber uma certa educação (treinamento), o desenvolvimento intelectual (sempre bastante limitado) daqueles animais é devido à ação (interferência) do homem sobre a natureza maleável (receptiva) daqueles animais; naquele desenvolvimento intelectual daqueles animais não existe nenhum progresso que seja próprio daqueles animais.

 

Mesmo o progresso (intelectual) que alguns animais realizam através da ação (interferência) dos homens é efêmero (dura pouco) – além de ser individual (para cada animal) – visto que o animal não demora para voltar a ficar preso dentro dos limites da sua própria natureza quando o animal é deixado por conta própria (entregue a si mesmo).

 

 

594.

Os animais tem alguma linguagem?

 

Se por "linguagem" está sendo entendida uma linguagem formada por sílabas e palavras, então a resposta é "não". Porém, os animais tem um meio de se comunicarem entre si. Os animais dizem (comunicam) uns aos outros muito mais coisas do que os homens imaginam. Mas a linguagem dos animais é restrita (limitada) às necessidades que os animais tem, como também são restritas (limitadas) as idéias que os animais podem ter.

 

594a.

Entretanto, há animais que não possuem "voz" (mesmo que os animais se comuniquem entre si). Parece que tais animais não usam qualquer linguagem, não é?

 

Os animais que não possuem voz se comunicam por outros meios. Os homens dispõem só da palavra (falada) para se comunicarem uns com os outros? E os mudos?

 

Como uma vida (existência) de relações (sociais) foi dada (pela natureza) para os animais, os animais possuem meios para se prevenirem (sic [7]) e para expressarem as sensações que experimentam. Os homens pensam que os peixes não se entendem uns com os outros? O homem não goza (desfruta) do privilégio exclusivo da linguagem. Mas a linguagem dos animais é instintiva e circunscrita (limitada) pelas necessidades e idéias dos animais, ao passo que a linguagem dos homens pode ser percebida (sic [8]) e pode ser usada em todas as concepções (criações) da inteligência dos homens.

 

 

 

 

De fato, tanto os peixes quanto as andorinhas que emigram em cardumes (bandos) obedecem a um guia (instinto) que indica o caminho, e tanto os peixes quanto as andorinhas devem ter meios de avisarem aos outros seres de sua espécie sobre os perigos, devem ter meios de se entenderem entre si e de se combinarem (entrarem em acordos).

 

É possível que aqueles animais tenham uma visão mais penetrante (melhor) que permita que aqueles animais percebam os sinais que fazem entre si mesmos. Pode ser também que a água seja um veículo próprio (adequado) para a transmissão de certas vibrações (entre os peixes).

 

Seja como for, é incontestável (e não pode ser negado) que os animais não tem falta de meios para se entenderem entre si, mesmo no caso de todos os animais que não possuem "voz" e que mesmo assim trabalham em comum.

 

Diante disso, não existe motivo para admiração (espanto) se os Espíritos se comunicam entre si mesmos sem a ajuda da palavra articulada (falada). [9]

 

 

595.

Os animais gozam de (tem) livre-arbítrio para praticar (executar) os atos que praticam?

 

Os animais não são simples máquinas como os homens supõem. Contudo, a liberdade de ação que os animais desfrutam (tem) é limitada pelas necessidades que os animais tem, e não pode ser comparada à liberdade de ação do homem. Como os animais são bem inferiores aos homens, os animais não tem os mesmos deveres que o homem tem [10]. A liberdade dos animais está restrita (limitada) aos atos da vida material.

 

596.

De onde vem a aptidão (talento) que certos animais denotam (demonstram) para imitar a linguagem do homem? E por que aquela aptidão aparece mais nas aves do que no macaco, por exemplo, já que o macaco tem uma conformação (formação biológica) mais parecida com a conformação humana?

 

A aptidão (talento) de algumas aves para imitar a linguagem dos homens vem de uma conformação (formação) particular (especial) dos órgãos vocais daquelas aves, reforçada pelo instinto de imitação. O macaco imita os gestos, algumas aves imitam a voz.

 

597.

Já que os animais possuem uma inteligência que permite que os animais tenham uma certa liberdade de ação, existe nos animais algum princípio independente da matéria?

 

Sim, nos animais há um princípio independente da matéria, e aquele princípio sobrevive à morte do corpo físico (do animal).

 

597a.

Esse princípio (inteligente) que existe nos animais seria uma "alma" parecida com a alma do homem?

 

O princípio que existe nos animais é uma "alma" também se aquele princípio quiser ser entendido dessa forma, e dependendo do sentido que seja dado para a palavra "alma". Mas a "alma" dos animais é inferior à alma do homem. Entre a "alma" dos animais e a alma do homem existe uma distância tão grande quanto a distância que separa a alma do homem de Deus. [11]

 

598.

Após a morte (física), a "alma" dos animais conserva a sua individualidade e a consciência de si mesma?

 

As "almas" dos animais conservam a individualidade própria após a morte (física), mas não conservam a consciência de seus próprios "eu". A vida inteligente dos animais permanece em estado latente (adormecido) [12].

 

599.

A "alma" dos bichos tem permissão para escolher o animal em que a "alma" irá encarnar?

 

Não, pois a "alma" dos bichos não possui o livre-arbítrio.

 

600.

Já que a "alma" do animal sobrevive depois da morte do corpo (físico) que aquela "alma" estava habitando, a "alma" do animal fica em um estado de erraticidade depois da morte (física), como a alma de um homem fica?

 

A "alma" do animal fica em uma espécie de erraticidade [13] pois a "alma" do animal não está mais unida (ligada) ao corpo (físico), mas a "alma" do animal não é um Espírito errante [14].

 

O Espírito errante é um ser que pensa e que age por sua livre vontade. Os animais não dispõem (tem) a faculdade (capacidade) de pensar e de agir por sua livre vontade. O principal atributo (qualidade) do Espírito é a consciência de si mesmo.

 

Depois da morte (física) a "alma" do animal é classificada pelos Espíritos encarregados dessa tarefa e é utilizada (reencarna) quase imediatamente (após a morte física) [15]. A "alma" (desencarnada) de um animal não tem tempo para entrar em contato (relação) com outras criaturas (no mundo espiritual).

 

601.

Os animais estão sujeitos (obrigados) a uma lei progressiva (lei de progresso), como o homem está?

 

Sim. É por isso que nos mundos superiores, onde os homens são mais adiantados, os animais também são mais adiantados. Nos mundos superiores os animais tem meios mais amplos (maiores) de comunicação. Mas os animais são sempre inferiores ao homem e estão sempre submetidos ao homem. O homem tem servidores (trabalhadores) inteligentes nos animais.

 

 

 

 

Não existe nada de extraordinário nisso. Vamos ver o caso dos animais mais inteligentes (da Terra), como o cão, ou o elefante, ou o cavalo, e vamos imaginar que aqueles animais tivessem uma conformação (corpo físico) que pudesse ser usada em trabalhos manuais. O que aqueles animais – então – não poderiam fazer com a direção do homem?

 

 

602.

O homem progride por causa da própria vontade do homem. Os animais também progridem por causa da própria vontade, ou os animais progridem pela força das coisas?

 

Os animais progridem pela força das coisas, e é por essa razão que os animais não estão sujeitos (obrigados) à expiação [16].

 

603.

Nos mundos superiores os animais conhecem a Deus?

 

Não. O homem é (visto como) um deus para os animais, assim como antigamente os Espíritos eram (vistos como) deuses para o homem.

 

604.

Se mesmo os animais mais aperfeiçoados – existentes nos mundos superiores – forem sempre inferiores ao homem, então Deus teria criado seres intelectuais (inteligentes) que estariam para sempre destinados a serem inferiores. Isso parece estar em desacordo (conflito) com a unidade de objetivo e de progresso [17] que todas as obras de Deus revelam (mostram).

 

Na natureza tudo se encadeia (está ligado) por elos (laços) que os homens não podem compreender. Assim, as coisas aparentemente mais díspares (diferentes entre si) tem pontos de contato (formas de ligação) que o homem nunca irá chegar a compreender no estado (evolutivo) atual do homem.

 

O homem pode entrever (vislumbrar) aqueles pontos de contato por um esforço de inteligência (imaginação), mas o homem só conseguirá ver claramente a (na) obra de Deus quando a inteligência do homem estiver completamente desenvolvida e livre dos preconceitos, livre do orgulho, e livre da ignorância. Até lá, as idéias restritas (limitadas) do homem fazem o homem observar as coisas de um ponto de vista mesquinho (egoísta) e acanhado (pequeno).

 

Saibam que não é possível que Deus caia em contradição, e que na natureza tudo se harmoniza através de leis gerais; aquelas leis gerais – em todos os seus detalhes – não deixam de corresponder à sabedoria sublime do Criador.

 

604a.

Então, a inteligência é uma propriedade (qualidade) comum (entre o homem e os animais), um ponto de contato (forma de ligação) entre a "alma" dos animais e a alma do homem?

 

É. Porém os animais só possuem a inteligência da vida material. No homem, a inteligência proporciona (permite) a vida moral.

 

605.

Levando em conta todos os pontos de contato (formas de ligação) que existem entre o homem os animais, não seria válido pensar que o homem possui duas almas: a alma animal e a alma espírita, e – ainda mais – que se o homem não tivesse a alma espírita então o homem só poderia viver como um ser bruto (animal)?

 

Dizendo de outra forma, é válido pensar que o animal é um ser semelhante ao homem, e que a única coisa que falta no animal é a alma espírita? Com esse ponto de vista, os instintos bons e os instintos maus do homem seriam um efeito (consequência) da predominância (no homem) de uma daquelas duas almas (espírita e animal)?

 

Não, esse pensamento não é válido, o homem não tem duas almas.

 

Porém, o corpo (físico) tem seus instintos que vem das sensações particulares de cada órgão do corpo (físico). O que existe no homem é apenas uma natureza dupla: a natureza animal e a natureza espiritual.

 

O homem participa (faz parte) da natureza dos animais e dos instintos dos animais através do corpo (físico). O homem participa da natureza dos Espíritos através da sua alma.

 

605a.

Então, dessa forma o homem ainda tem que lutar contra a influência da matéria além de ter que se livrar das próprias imperfeições do Espírito encarnado no homem?

 

Sim. Quanto mais inferior (imperfeito) o Espírito é, tanto mais apertados são os laços que ligam o Espírito à matéria. Isso não pode ser percebido?

 

O homem não tem duas almas. A alma é sempre única em cada ser. A "alma" do animal e a alma do homem são diferentes uma da outra, a tal ponto que a alma de um não pode animar o corpo criado para o outro [18].

 

Mas mesmo que o homem não tenha uma "alma" animal que faça o homem ser igual aos animais por causa das paixões (gostos) de uma "alma" animal, o homem tem o corpo (físico). O corpo (físico) do homem às vezes rebaixa o homem para o nível dos animais, pois o corpo (físico) do homem é um ser (orgânico) que possui vitalidade (vida), e que possui instintos que possuem uma inteligência restrita (limitada) aos cuidados que a conservação (preservação) do corpo (físico) exige [19].

 

 

 

 

O Espírito encarnado no corpo (físico) do homem dá para o homem o princípio (natureza) intelectual e moral, e isso faz o homem ser superior aos animais.

 

As duas naturezas existentes no homem (natureza animal, e natureza espiritual) fazem com que as paixões (gostos) dos homens tenham duas origens diferentes: algumas das paixões do homem vem dos instintos da natureza animal do homem, e outras paixões do homem vem das impurezas (imperfeições) do Espírito encarnado no homem – que simpatiza (gosta) com a grosseria dos apetites animais.

 

O Espírito se liberta pouco a pouco da influência da matéria (natureza animal) quando o Espírito se purifica. Com a influência da matéria o homem se aproxima do bruto; livre da influência da matéria, o homem se eleva para o seu destino verdadeiro.

 

 

606.

De onde os animais tiram o princípio inteligente que forma a "alma" de natureza especial que os animais tem?

 

Do elemento inteligente universal [20].

 

606a.

Então a inteligência do homem e a inteligência dos animais vem de um único princípio (universal)?

 

Sem dúvida alguma, porém a inteligência do homem passou por uma elaboração (sic [21]) que coloca a inteligência do homem acima da inteligência que existe no animal.

 

607.

Já foi dito (questão 190) que em sua origem o estado da alma (Espírito) do homem corresponde ao estado da infância na vida corporal, e que naquele estado (de origem) a inteligência do Espírito está começando a aparecer e está começando a se ensaiar (preparar) para a vida (eterna). Onde o Espírito passa essa primeira fase de desenvolvimento (crescimento) como Espírito?

 

O Espírito passa a primeira fase de desenvolvimento como Espírito em uma série de existências (físicas) que vem antes do período que os homens chamam de "humanidade".

 

607a.

Assim, não parece que a alma (do homem) pode ser considerada como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação (divina)?

 

Já não dissemos que tudo na natureza se encadeia (se liga) e tende (caminha) para a unidade (sic [22])?

 

O homem está longe de conhecer a totalidade dos seres (inferiores) existentes (no universo). Nos seres (inferiores) é que o princípio inteligente se elabora (desenvolve [23]), se individualiza pouco a pouco e se ensaia (prepara) para a vida (eterna). De certo modo isso é um trabalho de preparação – como o trabalho da germinação das plantas – que tem como resultado a transformação do princípio inteligente em um Espírito.

 

Quando o princípio inteligente é (assim) transformado em um Espírito, o Espírito entra no período humano, começando – então – a ter consciência do seu futuro, começando a ter a capacidade de saber a diferença entre o bem o mal, e começando a ter responsabilidade pelos seus atos. Assim, depois da infância (do Espírito) vem a adolescência, depois da adolescência vem a juventude, e depois da juventude vem a maturidade.

 

Não existe nada de humilhante para o homem nessa origem (do Espírito). Os grandes gênios se sentem humilhados por terem sido fetos sem forma nos ventres onde foram gerados?

 

Se existe alguma coisa que seja humilhante para o homem, essa coisa é a inferioridade do homem diante de Deus, é a impotência (incapacidade) do homem para sondar (conhecer) a profundidade dos desígnios de Deus, é a incapacidade do homem para apreciar a sabedoria das leis que regem (regulam) a harmonia do universo.

 

Reconheçam a grandeza de Deus nessa harmonia admirável (da criação divina) que faz com que tudo seja solidário [24] na natureza. Acreditar que Deus tenha feito seja o que for sem ter um fim (objetivo), criando seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar [25] da bondade de Deus (que alcança todas as criaturas de Deus).

 

607b.

O período humano do Espírito (encarnado na Terra) começa na Terra? [26]

 

A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. Geralmente o período humano (do Espírito encarnado na Terra) começa em mundos ainda (mais) inferiores do que a Terra.

 

Mas isso não é uma regra absoluta pois pode acontecer que um Espírito esteja apto (pronto) para viver na Terra desde o início do período humano do Espírito. Esse caso não é frequente, é apenas uma exceção.

 

608.

Após a morte (física), o Espírito do homem tem consciência (se lembra) das existências (físicas) do Espírito que aconteceram antes do período humano (do Espírito)?

 

Não, porque a vida do Espírito não começa (no período) antes do período humano do Espírito. É difícil até mesmo que o Espírito se lembre de suas primeiras existências humanas, da mesma forma (por comparação) que é difícil que um homem se lembre dos primeiros tempos de sua infância, e ainda menos se lembre do tempo que o homem passou no seio materno. Essa é a razão porque os Espíritos dizem que não sabem como começaram. [27]

 

609.

Depois que o Espírito iniciou seu período de humanidade, o Espírito conserva traços do que o Espírito era antes (quer dizer, traços do estado em o Espírito estava durante o período que poderia ser chamado de "ante-humano")?

 

Isso depende da distância que separa os dois períodos (período "ante-humano" e período de humanidade), e depende do progresso que o Espírito já tenha realizado.

 

Durante algumas gerações (encarnações), o Espírito pode conservar vestígios (restos) mais ou menos pronunciados (fortes) do estado primitivo (do Espírito), pois nada acontece na natureza com mudanças bruscas (repentinas). Há sempre anéis (laços) que ligam as extremidades da cadeia formada pelos seres e pelos acontecimentos.

 

Porém, aqueles vestígios vão se apagando com o desenvolvimento (amadurecimento) do livre-arbítrio do Espírito. Os primeiros progressos do Espírito só acontecem lentamente porque ainda não existe uma vontade por trás daqueles progressos. Conforme o Espírito consegue uma consciência mais perfeita (melhor) de si mesmo, o progresso do Espírito acontece mais rapidamente.

 

610.

Desse modo (considerando o que foi dito nas questões anteriores), os Espíritos que disseram que o homem é um ser à parte na ordem da criação (divina) [28] teriam se enganado?

 

Não, aqueles Espíritos não se enganaram, mas a questão (assunto) não foi bem desenvolvida (esclarecida). Além disso, há coisas que só podem ser esclarecidas a seu tempo.

 

De fato, o homem é um ser à parte (dos outros seres) visto que o homem possui faculdades (capacidades) que fazem o homem ser diferente de todos os outros seres, e que fazem o homem ter outro destino. A espécie humana é a espécie que Deus escolheu para a encarnação dos seres que podem conhecer Deus.

 


 

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[1]        Ver questões 60 a 67 sobre "seres orgânicos e inorgânicos".

[2]        Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".

[3]        Por exemplo, as roupas que protegem o homem do clima. Alguns animais tem pelos que protegem aqueles animais do frio. Para se proteger do frio, os homens foram obrigados a usar a inteligência e inventar as roupas.

[4]        Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".

[5]        Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito". Pela resposta dos Espíritos superiores, parece correto concluir que "sistema" significa uma combinação de "instinto" e de "inteligência limitada".

[6]        Por exemplo, as aves constroem seus ninhos em locais, com formatos, e com tamanhos que são sempre os mesmos, séculos atrás de séculos.

[7]        Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito".

[8]        Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito". Não está perfeitamente claro o que os Espíritos superiores quiseram dizer quando foi dito que a linguagem dos homens pode ser "percebida", pois é evidente que a "linguagem" de alguns animais (como os latidos dos cães, por exemplo) pode ser também percebida (ao menos entre os próprios cães).

[9]        Ver questão 282.

[10]       Por exemplo, os "deveres morais" dos homens.

[11]       Deste ponto em diante fica entendido que os animais possuem uma (espécie de) "alma", mas sem esquecer da diferença entre a "alma" de um animal e a alma de um homem. Na questão 134, a palavra "alma" (do homem) foi definida com sendo um "Espírito encarnado"; isso é válido para os homens, mas aqui, e no caso dos animais, a palavra "alma" é usada tanto para o "princípio inteligente desencarnado" dos animais, quanto para o "princípio inteligente encarnado" nos animais.

[12]       A inteligência dos animais não se manifesta se a "alma" do animal não está encarnada em um corpo físico, pois a inteligência dos animais existe apenas para atender às necessidades físicas que os animais tem. A "alma" de um animal que não está ligada a um corpo físico (encarnada) não possui necessidades materiais e, por isso, a inteligência que a "alma" do animal possa ter não tem utilidade para a "alma" do animal; assim, aquela inteligência permanece sem uso (latente, adormecida) até que a "alma" do animal encarne novamente.

[13]       Estado errante (ou erraticidade) é o estado do Espírito que está no mundo espiritual (não está encarnado, portanto), aguardando uma próxima encarnação.

          ERRANTE: que anda sem destino; característica do que ou de quem vive a vaguear; que não possui uma residência fixa.

[14]       Espírito errante é um Espírito que está aguardando uma nova oportunidade ou momento de encarnação. A palavra "errante" não significa que o Espírito está vagando livremente pelo mundo espiritual sem se fixar em qualquer lugar.

[15]       Três conclusões importantes podem ser retiradas dessa resposta dos Espíritos superiores: (1) não existem animais na erraticidade; (2) as "almas" dos animais não tem uma "vida espiritual" (pois as "almas" dos animais estão encarnadas praticamente o tempo todo); (3) levando-se em conta a enorme variedade de animais que existe (nos vários mundos, e não apenas na Terra), e levando-se em conta o número de nascimentos e mortes no mundo animal (milhares de milênios a fio, sem interrupção), existe um trabalho astronômico sendo constantemente realizado por Espíritos (encarregados da tarefa) para garantir a encarnação das "almas" dos animais.

[16]       A expiação é parte de um processo utilizado para consertar aquilo que se fez errado na vida, e pode ser resumida no dito popular "aqui se fez, aqui de paga"; em resumo, passar por aquilo de mal que fizemos outras pessoas passarem.

[17]       Por "unidade de objetivo e de progresso" está sendo entendido que o objetivo e a lei de progresso estabelecidos por Deus não mudam, foram criados para tudo e para todos, e são bem definidos (claros).

[18]       A alma de um homem não pode encarnar no corpo físico de um animal, e a "alma" de um animal não pode encarnar no corpo físico de um homem.

[19]       Isto é, se o homem ouvir mais os instintos do corpo físico do que ouvir o Espírito encarnado no homem.

[20]       Ver questões 71 a 75 sobre "inteligência e instinto".

[21]       Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito". Não está claro de por "elaboração" os Espíritos superiores queriam dizer "criação" ou "preparação".

[22]       Sic Erat Scriptum: traduzido como "assim estava escrito". O significado exato de "unidade" não está perfeitamente claro.

[23]       ELABORAR: desenvolver com dedicação e por etapas.

[24]       SOLIDÁRIO: que estabelece uma relação de auxílio mútuo.

[25]       BLASFÊMIA: discurso ou palavra proferida que ofende fortemente uma divindade, insulta uma religião ou tudo que pode ser considerado sagrado.

[26]       A pergunta (e a resposta) dessa questão foi modificada ligeiramente para deixar claro que Allan Kardec estava falando sobre Espíritos encarnados na Terra. Se a imensidão do universo (conhecido) for levada em conta, seria um absurdo imaginar que todos os Espíritos existentes (no universo) tivessem iniciado seus períodos humanos na Terra e em nenhum outro mundo.

[27]       Ver questão 78.

[28]       Ver questão 592.

 

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