Parte III: Leis morais – Capítulo VI: Lei de destruição – Flagelos destruidores
737. | Qual é o fim (objetivo) de Deus quando Deus fere a humanidade por meio de flagelos destruidores? | |
| – | Deus fere a humanidade por meio de flagelos destruidores para fazer a humanidade progredir (espiritualmente) mais depressa.
Já não dissemos [2] que a destruição é uma necessidade para a regeneração (renovação) moral do Espíritos – que sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento em cada nova existência (física)?
Para que os resultados de alguma coisa possam ser apreciados (avaliados) é preciso que se veja o objetivo daquela coisa. Os homens apreciam (avaliam) os resultados das coisas do ponto de vista dos homens apenas, e por isso os homens dizem que aquelas destruições (enviadas por Deus) são "flagelos", por causa do prejuízo que aquelas destruições causam para os homens.
Porém, essas destruições (enviadas por Deus) frequentemente são necessárias para que a chegada de uma ordem (condição) melhor das coisas aconteça mais depressa, e para que o homem consiga realizar em alguns anos alguma coisa que teria exigido muitos séculos para ser realizada. |
738. | Deus não poderia usar outros meios ao invés dos flagelos destruidores para conseguir a melhora da humanidade? | |
| – | Sim, e todos os dias Deus usa outros meios para conseguir a melhora da humanidade, pois Deus deu para cada um os meios para progredir através do conhecimento do bem e do mal. Mas o homem não aproveita aqueles outros meios que Deus deu para o homem. Portanto, acaba sendo necessário que o homem seja castigado (sofra as consequências) no próprio orgulho, acaba sendo necessário que o homem seja obrigado a sentir a própria fraqueza. |
738a. | Mas nesses flagelos (destruidores) sucumbe (morre) tanto o homem de bem como sucumbe também o homem perverso. Isso será justo? | |
| – | Durante sua vida (física), o homem olha para tudo do ponto de vista da existência (física). Mas o homem (Espírito) pensa de maneira diferente depois da morte (física) [3]. Ora, conforme temos dito, a vida do corpo (físico) é bem pouca coisa (para o Espírito). Um século no mundo dos homens não passa de um relâmpago na eternidade [4].
Logo, os sofrimentos de alguns dias, ou de alguns meses, e de que os homens tanto se queixam não são nada (para o Espírito). Aqueles sofrimentos representam um ensinamento que dá para o homem (Espírito) aquilo que servirá para o homem no futuro. Os Espíritos preexistem e sobrevivem a tudo, formando o mundo real [5]. Os Espíritos são os filhos de Deus e são o objeto da solicitude (cuidado e zelo) de Deus.
Os corpos (físicos) são simples disfarces usados pelos Espíritos para aparecerem no mundo. Por ocasião das grandes calamidades que dizimam (destroem) os homens, o espetáculo (cena) é parecido com o espetáculo de um exército cujos soldados – durante a guerra – ficassem com seus uniformes estragados, rotos (desgastados), ou perdidos. O general se preocupa mais com os seus soldados do que se preocupa com os uniformes dos seus soldados. |
738b. | Mas nem por isso as vítimas desses flagelos (destruidores) deixam de ser vítimas. | |
| – | Se o homem considerar a vida (física) como a vida é, e se o homem considerar o quão pouca coisa a vida (física) representa em comparação com o infinito, então o homem dará menos importância a isso. Em outra vida, aquelas vítimas irão encontrar compensação para os sofrimentos por que passaram – se aquelas vítimas souberem suportar aqueles sofrimentos sem murmurar (reclamar).
Não importa a causa da morte (física), ninguém deixa de morrer desde que a hora da partida tenha chegado, venha a morte (física) através de um flagelo, ou venha a morte (física) através de uma causa comum. A única diferença é que o número de pessoas que partem ao mesmo tempo é maior no caso dos flagelos.
Se o pensamento do homem pudesse se elevar de maneira a contemplar (observar) e abranger todo o conjunto da humanidade, esses flagelos tão terríveis não pareceriam ser (para o homem) mais do que tempestades passageiras no destino do mundo. |
739. | Os flagelos destruidores tem utilidade do ponto de vista físico, apesar dos males que os flagelos destruidores causam? | |
| – | Tem. Algumas vezes os flagelos destruidores mudam as condições de uma região. Mas em muitos casos o bem que é resultado dos flagelos destruidores só será experimentado (aproveitado) pelas gerações futuras. |
740. | Igualmente, os flagelos (destruidores) não são provas (lições) morais para o homem – provas que colocam o homem lutando com as necessidades mais aflitivas? | |
| – | Os flagelos (destruidores) são provas (lições) que dão para o homem ocasião (oportunidade) para o homem exercitar a própria inteligência, para o homem demonstrar paciência e resignação (aceitação) com a vontade de Deus. Os flagelos (destruidores) oferecem para o homem um ensejo (oportunidade) para o homem manifestar seus sentimentos de abnegação (renúncia), seus sentimentos de desinteresse e de amor ao próximo (se o homem não estiver dominado pelo egoísmo). |
741. | O homem pode (consegue) conjurar (afastar) os flagelos que afligem os homens? | |||
| – | O homem pode (consegue) conjurar (afastar) em parte os flagelos que afligem o homem, mas não da forma como o homem imagina.
Muitos flagelos são causados pela imprevidência (descuido) do homem. Conforme o homem vai conseguindo conhecimentos e experiência, o homem vai sendo capaz de afastar os flagelos, isto é, o homem vai sendo capaz de prevenir os flagelos.
Contudo, entre os males que afligem a humanidade há alguns males de caráter (natureza) geral e que estão nos decretos (vontade) da Providência (divina). Todas pessoas recebem o contragolpe destes flagelos, algumas pessoas mais e outras pessoas menos. O homem não pode fazer nada a respeito destes flagelos, a não ser se submeter (aceitar) à vontade de Deus. Mas muitas vezes estes mesmos males são agravados por causa da negligência (descuido) do próprio homem. | ||
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Na primeira linha dos flagelos destruidores, naturais, e independentes do homem, devem ser colocadas a peste, a fome, as inundações, e as intempéries (tempestades) fatais para as produções da terra.
Porém, o homem não tem encontrado na ciência, nas obras de engenharia, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos [6], nas irrigações, e no estudo das condições higiênicas, os meios que o homem precisa para impedir, ou ao menos para atenuar muitos desastres? Certas regiões que antigamente eram assoladas (arruinadas) por flagelos terríveis não estão sendo atualmente poupadas daqueles flagelos de antes? Portanto, o que homem não será capaz de fazer (nesse sentido) quando o homem souber aproveitar todos os recursos da própria inteligência, e quando o homem souber acrescentar aos cuidados da própria conservação um sentimento de verdadeira caridade com os seus semelhantes? [7] |
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